Playlist:
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Estava
novamente sentada em um dos bancos daquela praça. Os últimos raios solares se
despediam no horizonte, e a noite começava a tingir o céu com os tons roxos e
lilases do crepúsculo. O lápis em minha mão traçava as belas formas que eu
observava todos os dias nas ultimas semanas. Embora tal ato não fosse
necessário, pois eu havia sido agraciada com uma memória fotográfica que me
permitia fazer meus desenhos sem ver o motivo de minha inspiração mais do que
uma vez ou outra. Mas, a fascinação por observar tal esplendor era viciante,
fazendo com que eu me locomovesse ao mesmo lugar todos os finais de tarde. Às
vezes eu me comparava a um satélite, a sensação hipnótica causada por algo tão
belo era impossível de ser contrariada, além de ser deliciosa e me permitir
traços perfeitos.
Minhas
orbes analisavam a fonte que lembrava a delimitação do numero oito, bordas
brancas e azulejos azuis com alguns desenhos assimétricos no fundo. A água
desta refletia a luz dos prédios e dos postes que havia ali por perto, fazendo
com que feixes luminosos em tom prateado bailassem pelas esculturas de gesso.
Posicionas em lugares estratégicos por entre os chafarizes as estátuas de
estilo neoclássico personificavam belas donzelas de aparência Greco-Romana.
Minutos
depois entre uma linha e outra fixei meus olhos em um ponto bem ao fundo da
fonte, reconheci um rapaz vindo da direção oposta a que eu estava sentada. Um
sorriso tímido surgiu em meus lábios sem que eu ao menos notasse tal reação.
Usava jeans de lavagem desgastada, o cabelo castanho dessa vez semicoberto pelo
capuz cinza de seu agasalho, a camisa negra de gola “V” contrastava com sua
pele branca, deixando-o ainda mais belo. Minha atenção se voltou novamente para
seu rosto, observando aqueles olhos puxados que brilhavam de uma forma
indescritível, magnetizando-me cada vez mais.
Essa
cena se repetia dessa mesma forma a cerca de um mês e meio. Antes de passar por
mim ele lançava-me um sorriso. Era sempre dessa maneira, sem trocarmos uma
única palavra. De certa forma não havia necessidade, e talvez nenhum dos dois
quisesse atrapalhar o outro. Não importava, apenas aquela comunicação
silenciosa era suficiente, misteriosa e até divertida. Quando ele passou por
mim senti o perfume já conhecido que ele sempre emanava. Deixando um rastro que
me embriagava. Fechei meus olhos e tentei aproveitar o máximo possível daquilo.
Diferente
das outras vezes em que o aroma desaparecia depois de algum tempo, dessa vez
ele se perdurou, supus que talvez minhas narinas finalmente tivessem memorizado
aquela fragrância que eu aprendera a adorar. Abri os olhos já mirando meu
desenho e passei a cuidar os últimos detalhes do desenho, enquanto inspirava um
pouco mais profundamente. Depois de mais alguns traços fechei meus olhos e
apoiei a cabeça no encosto do banco, senti que estava sendo observada e reabri
os olhos levantando rapidamente devido ao susto que levei. Ele estava
parado ali atrás de mim, observando-me desenhar a Deus sabe-se lá há quanto
tempo. Por um instinto fechei o caderno que antes ainda deixava o desenho
acessível aos seus olhos.
–
Você desenha muito bem. – disse ele numa voz suave, doce e com um disfarçado
vestígio de divertimento, provavelmente pela minha reação. O sorriso torto em
seus lábios só confirmava o fato de que ele não se arrependia de estar me
observando as escondidas.
-
O...Obrigada. – falei sem graça. "Deus porque eu tinha que gaguejar
justo agora?"
–
Desculpe, sou DongHae, Lee DongHae. – o rapaz estendeu a mão, agora sorrindo
abertamente, seus olhos puxados brilhavam ainda mais quando vistos de perto.
–
Prazer, sou Choi HeeYoung. – Disse enquanto apertava sua mão, reunindo toda a
minha concentração em não gaguejar. Estranhos me deixavam nervosa, mesmo sendo
um estranho não tão desconhecido assim.
–
Senhorita Choi.. – ele começou de modo cauteloso. Dali não sairia boa coisa. –
Tenho uma proposta a lhe fazer... – seus olhos continuavam cuidadosos
observando minhas reações, apenas fiz um movimento com as mãos indicando que
ele prosseguisse. – Eu sou artista plástico e preciso da opinião de alguém
sobre um quadro recente. E, estava me perguntando se você poderia fazer o favor
de vê-lo e dizer o que acha. – Ao terminar a frase seus olhos mantinham certo
ar enigmático. Havia mais alguma coisa ali que ele não havia me dito. "Afinal,
porque ele escolheria uma estranha que ele via desenhando todos os dias? Não
sou uma critica de artes plásticas especialista em quadros, se é que isso
existe."
–
Não sei se é uma boa ideia... – tentei argumentar, mas ele me interrompeu.
–
O quadro está na escola de Artes aqui perto a Sensory Inspirations conhece? –
perguntou ele como se estivesse falando de qualquer coisa simples, me fazendo
ter um ataque interno.
–
Quem não conhece a Sensory Inspirations? – perguntei rindo com certo sarcasmo,
ele estava falando da melhor escola de Artes Plásticas como se não fosse nada,
não poderia deixar passar.
–
Porque será que todos têm a mesma reação quando uso uma forma simples ao me
referir a S.I. ? – olhei-o com a sobrancelha levantada. Imaginando que aquele
belo rapaz parado a minha frente tinha sérios problemas de julgamento. – Já
entendi! Mas, então, aceita ou não?
–
Se eu disser que não você iria ficar tentando me convencer do mesmo jeito até
me vencer por cansaço não é? – perguntei e ele sorriu de um jeito infantil que
era totalmente fofo. – Tudo bem eu vou.
Fomos
para a escola que ficava só a meia hora de caminhada dali. Aproveitamos esse
tempo para fazer algumas perguntas que provavelmente estavam no fundo de nossas
mentes a algum tempo. Descobri que ele não era aluno da S.I. e sim um dos
professores, ministrava aulas a cerca de dois anos. O mais estranho foi que ele
me disse que não conseguia pintar algo que aprovasse a quase um ano. Segundo
ele, não havia nada que despertasse seu interesse para que pudesse criar um
quadro novo. Nada até a misteriosa inspiração do quadro que eu iria ver.
Questionei-o sobre o motivo de ter parado de pintar antes disso, pois
geralmente quando acontece alguma coisa assim o motivo é marcante, mas ele não
disse nada, mudando o foco da conversa para mim.
DongHae
ficou surpreso ao saber que eu era jornalista, e que desenhava apenas por um
hobby, disse-me que eu deveria tentar aprimorar minhas técnicas. O que me
deixou sem graça, também não desenhava a uma boa temporada, mas pela simples
falta de tempo, e usando as palavras do próprio, por falta de algo que me
interessasse. Claramente não disse essa ultima parte a ele, seria um tanto estranho.
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–
Faz algum tempo que não pinto então, por favor, não repare em minhas falhas. –
Pediu ele me olhando novamente de modo enigmático. Aquilo estava começando a me
deixar cismada, apenas assenti enquanto adentrávamos mais na sala.
Só
aquele lugar já era mágico. Pinturas e desenhos diversos enfeitavam as paredes
e a janela tinha uma vista linda de onde se podia observar uma avenida ladeada
por sakuras que floresciam devido ao começo da primavera. Suas flores de tom
rosado quase branco pareciam brilhar quando as luzes dos postes as iluminavam.
DongHae me analisou uma ultima vez e então se aproximou do cavalete coberto por
um tecido vermelho. Sorri pra ele, nem eu mesma entendi porque, talvez tentando
encorajá-lo e dizer-lhe sem nenhuma palavra que sua obra provavelmente estaria
linda, ou então pelo fato de que ele tinha o poder de me fazer sorrir. Não sei
dizer ao certo. Só sei que ele sorriu de volta e então revelou o quadro.
Quando
ele tirou o tecido que encobria a tela senti meus joelhos fraquejarem, eu não
acreditava no que via, a pintura era uma das mais perfeitas que eu tivera a
chance de apreciar na minha vida. Tratava-se de uma garota de cabelos quase
negros e pele âmbar sentada em um banco. Seu rosto demonstrava doçura e
concentração, os olhos miravam uma prancheta em seu colo, enquanto suas mãos
trabalhavam em algo que não se era visto. A suavidade dos traços era
fascinante, seus cabelos pareciam balançar ao vento, mas isso não podia se
comparar ao esplendor das asas que saiam de suas costas. Não eram asas de anjo,
sua tonalidade e textura lembravam mais as de uma borboleta.
No
entanto, o que mais me espantou não foi o primor daquela imagem, a delicadeza
de suas cores, ou as sakuras, como aquelas que haviam do outro lado da rua,
materializadas ao fundo da tela dando um ar mágico ao conjunto. O que realmente
me assustou foi o fato de que aquele ser hibrido de garota e fada tinha uma
forma peculiar no olhar, bem como sua coloração, eles eram cor de avelã e se
assemelhavam exatamente aos olhos que eu conhecia tão bem, pois os via sempre
no espelho. Foi então que finalmente absorvi aquela informação. A bela imagem a
minha frente, na verdade era uma representação minha. Aquela era a cena que ele
devia ver todos os dias, porém de uma forma mais linda, mágica, e claro, com
asas.
Passei
a olhar do quadro para os olhos castanhos que me observavam num misto de
preocupação e curiosidade. Sentia-me surpreendida, lisonjeada e completamente
sem palavras para expressar a ele o que eu estava sentindo, ou o que eu havia
achado da pintura. Sorri tentando passar esse turbilhão de pensamentos, pedindo
para que ele conseguisse interpretar meu olhar enquanto eu ordenava minha mente
a dizer-lhe algo. Felizmente DongHae pareceu entender e sorrio daquela forma
meiga, quase infantil.
–
Não sei bem o que dizer... – comecei a falar, ainda o fitando – É esplêndido!
As cores, a textura, tudo.
–
Então você gostou? – perguntou ele, visivelmente alarmado com o fato de eu ter
percebido que eu fora sua modelo.
–
Sim, não há como não gostar. – confortei-o, mas então fiquei um pouco mais
séria, eu realmente não conseguia responder as perguntas que perambulavam por
minha mente. – Mas por que... Porque eu?
–
Não podemos escolher a origem de nossa inspiração. – disse ele se aproximando
da tê-la, enquanto permitia-se admirar seu próprio trabalho. – Eu apenas fiquei
com a sua imagem na cabeça por vários dias, sempre a via perto daquela fonte
desenhando. Sua expressão. – ele apontou para o quadro e sorriu – Foi o que me
deixou cativado, como não acontecia a muito tempo. Então resolvi ceder a esse
instinto e pintá-la.
Olhei
novamente para a tela, mirando as asas, levei minha mão direita ao ponto em que
elas estavam pintadas. – Mas, se me permite a pergunta, porque as asas? –
questionei-o. DongHae colocou sua mão sobre a minha e me fitou, seu olhos
pareciam duas pedras de ônix brilhantes, havia algo hipnotizantes neles que não
permitia que eu quebrasse o contato visual.
–
Algumas mulheres são como fadas têm o poder de enfeitiçar. – ele se aproximou
um pouco mais, eu podia sentir sua respiração pesada batendo no meu rosto. Por
um momento desviei o olhar de seus olhos, observando seus lábios rosados e
depois voltando a encará-lo, cada vez mais próximo. O formigamento em meu corpo
havia voltado, e, o ar parecia denso demais para ser respirado. – Acho que você
acabou me enfeitiçando. – sussurrou ele roçando os lábios pela linha do meu
maxilar.
Senti
minhas pernas fraquejarem e meu corpo estremecer, mas antes que eu pudesse
sentir que meus joelhos cederiam fazendo-me cair senti as mãos deles enlaçando
minha cintura e trazendo-a para junto de seu corpo. Seus lábios seguiram em uma
trilha de beijos pelo meu pescoço, deixando para trás rastros de calor. Passei
os braços por cima de seus ombros tentando dar mais equilíbrio a meu corpo,
enquanto DongHae fazia o caminho inverso para encontrar nossas bocas. Senti sua
língua roçar meus lábios pedindo passagem, não ofereci resistência alguma,
deixando que ele iniciasse um beijo lento e sedutor, que aos poucos se tornou
mais exigente.
Uma
de suas mãos continuou mantendo-me aconchegada a ele, enquanto a outra se
entrelaçava em meus cabelos, sua língua explorava todos os cantos possíveis de
minha boca e eu fazia o mesmo com a dele, como se dessa forma nós pudéssemos
desvendar todos os mistérios um do outro, deixando os beijos cada vez mais
cálidos. Espalmei a mão em sobre seu peito sentindo que o coração dele também
estava descompassado. Meu corpo parecia queimar nos lugares onde nossas peles
se encontravam como lava espalhando-se sobre mim, ao mesmo tempo em que recebia
leves choques que eriçavam todos os pelos de meu corpo, deixando-me ainda mais
tremula do que já estava. Nossas bocas se separaram em busca do oxigênio já
escasso. DongHae me deu um ultimo beijo e então encostou sua testa na minha,
fitando-me com um olhar afetuoso enquanto sorria, numa reação automática um
sorriso também se esboçou em meu rosto enquanto o olhava com ternura.
Ele
afundou o rosto em meus cabelos e me abraçou, esperando que nossa respiração
voltasse ao normal, ficamos assim por um tempo, o som do ar entrando e saindo
de nossos pulmões era a única coisa que se podia de ouvir na sala. Afundei o
rosto na curva de seu pescoço me inebriando com o cheiro dele. Aquilo me trazia
uma sensação de paz enorme. Cedo demais senti nossos corpos se separando,
DongHae se abaixou para pegar algo no chão, o caderno com meu desenho. Observou
a imagem que eu vinha aprimorando nas ultimas semanas. A fonte da praça
perfeitamente replicada naquela folha, mas, o foco principal era um rapaz que
caminhava ao lado dela. O mesmo sorriso enigmático que me encantava combinado
com os olhos brilhantes que chamavam a atenção de quem os visse. A imagem era
inconfundível, e ele já havia notado de quem se tratava desde a hora em que
estivera me observando finalizá-lo.
–
Talvez eu também devesse lhe perguntar o porquê de me desenhar? – questionou-me
sorrindo daquela mesma forma misteriosa, mesclada com certo divertimento.
–
Posso dizer algo parecido sobre seu discurso de inspiração, eu também me sentia
exatamente assim nos últimos dias. Desenhar-te me trazia uma calma que não
experimentava há muito tempo. Alguns sentimentos surgem de um modo inexplicável
e arrebatador. Acho que posso me considerar enfeitiçada também. – conclui
sorrindo e ele tomou meus lábios novamente.
F
I M
Nota
Da Autora: Bom espero que tenha gostado dessa estória que
surgiu num pequeno surto de inspiração dessa mente desconexa. Desculpem alguns
trechos que podem ser considerados Radom^^
Nossa, eu amei! Do começo ao fim foi maravilhoso! Muito bom, de verdade *-*
ResponderExcluirEu não gostei desta oneshot, EU AMEI.
ResponderExcluirTem toda uma sensibilidade que quase consigo sentir a personagem principal narrando em minha cabeça.
A história segue delicada do inicio ao fim.
Pryh parece ter encontrado o seu estilo nesta shot - isso eu já disse a ela - e precisa escrever mais histórias assim.
Parabéns!
estou imprecionada com a delicadeza desse texto. Fazia algum tempo q não conceguia visualizar um personagem criando vida frente dos meus olhos. Pelo menos nao em fics. Mas foi exatamente isso q aconteceu. Parabéns. Ficou excelente
ResponderExcluirPois e!
ResponderExcluirUnnie, voce conseguiu!
Outro dia eu estava conversando com a Pryska sobre as fics que tentam usar palavras para mostrar vocabulario. Mas voce conseguiu fugir disso, de verdade.
Sua narracao foi excelente no quesito desenvolvimento, na minha humilde opiniao. Nao precisou usar recursos linguisticos demais ou palavras rebuscadas demais. So fez acontecer e pronto. (Estou numa fase de rejeicao a fics assim. Inclusive as minhas OTL HSAUDHIUHIUHAIUHSDIUH)
Meus sinceros parabens!
*-*
pelo amor de aigo,estou com uma palpitação no peito que não cessa...
ResponderExcluirestou completamente apaixonada! não dá pra explicar o quanto essa fic ficou perfeita! acho até que perfita seja pouco! não se preocupe com nada,ficou encantadora!
@BigodedoKiSeop
ResponderExcluirEntão acho que você captou exatamente o sentimento o qual tentei passar. No momento em que estava escrevendo estava me sentindo da mesma forma, e as músicas da Playlist só ajudaram... Então resolvi me entregar as linhas e deixar as sensações fluírem, e parece que deu certo *-*
Eu gostei bastante, a forma como voce escreve me fascina. E não encontrei nenhum trecho random, está tudo bem escrito.
ResponderExcluir@Akaimatsumoto
ResponderExcluirOlá que bom que gostou, eu tinha dito que podia ter umas partes radom porque em algumas partes dei uma viajada básica kkkk
Nossa! Nunca li uma Web que eu imaginei totalmente TUDO. Cada detalhe. É perfeita! Você devia escrever um livro *-* Espero ler mais WEB's suas. Inda mais se for do SuJu. Beijos. ><
ResponderExcluir@NaniSama
ResponderExcluirOlá Nani, que bom que gostou, acho que a maior gratificação pra alguém que escreve estórias é cosneguir levar o leitor pra dentro dela. Quanto ao tema, nem se preocupa SUJU é o que me dá 90% da inspiração kkkk. E sobre o livro, acho que ainda é cedo pra eu pensar nisso, tenho que melhorar um pouquinho mais ^^