Para começar um esclarecimento, essa fic é fruto de um desfio relâmpago proposto pela minha unnie/gêmea/usurpadora Pryska, O tema proposto foi "Cortinas" e bem resultou na fic que você leram abaixo. Espero que gostem, e perdoem qualquer coisa random. Beijinhos.



Coloque este vídeo para carregar. 
(só usarei o audio, mas se quiser ver deixe pra depois okay?)


•◦•◦•

Os acordes da música da apresentação de Ryoko e Toshio chegavam a fim ao mesmo tempo em que as cortinas do anfiteatro se fechavam, eles haviam sido perfeitos junto, contudo, suas notas não haviam sido tão boas quanto imaginei. Eu definitivamente estaria ferrada, eles eram os dois melhores das turmas do ultimo ano de Performance Artística. A constatação desse fato me fez tremer.
– Akemi você tem que se acalmar! – Kyoichi repetia pela décima vez enquanto apertava minha mão.
Eu estava a beira de um ataque de pânico que poderia custar-me a aprovação da minha monografia pela banca da faculdade. Estávamos na coxia observando as apresentações de nossos colegas de turma. Nossos nomes haviam ficado por ultimo no sorteio. O que antes eu havia achado o máximo agora se tornara meu pior pesadelo.
Suspirei pesadora, abrindo os olhos e encarando aquela figura de cabelos negros longos que emolduravam um rosto de olhos negros tomados de preocupação. Que bela melhor amiga e parceira de dança eu estava me saindo. Ao invés de cooperar estava-lhe causando mais um problema. Apesar da visível apreensão um fato não mudava, ele estava lindo. Camisa branca com detalhes em azul céu, perfeitamente combinado com meu vestido e seus detalhes no mesmo tom de azul espalhados pelos bicos da saia.  
– Você nunca teve medo de palco, esse não é o momento para começar a ter. – brincou ele enquanto passava os dedos por cima dos padrões em branco gelo das minhas meias.
– Não consigo relaxar.  – confessei o óbvio.
Antes que ele pudesse responder alguém avisou que haveria um intervalo de meia hora para as próximas apresentações. Kyoichi sorriu como quem dissesse que aquilo era um bom sinal. E assim como os outros se levantou seguindo em direção a uma sala onde havia alguns lanches leves. Quando notou que eu não o seguia voltou só para me levantar num puxão.
– Você sabe que não vou conseguir comer nada. Só preciso me distrair. – falei já tentando ligar o ipod.
Ele fez um bico que sempre denunciava o fato de estar tendo alguma idéia. Seus olhos negros brilharam num sinal agourento de que ele aprontaria. Sem dizer nada tomou o aparelho de minha mão, foi até a aparelhagem de som que havia no lado esquerdo dos bastidores e o plugou. Uma música de acordes dramáticos começou a soar. [N/A: dar play no vídeo]
– O que está fazendo? – perguntei enquanto ele abria as cortinas revelando as cadeiras vermelhas totalmente vazias. Um único ponto de luz baça se acendeu bem no meio do palco enquanto as outras luzes tinham suas intensidades diminuídas.
– Distraindo você... Vem dança comigo. – olhei-o confusa. Eu estava com medo de apresentar minha monografia e ele ainda queria que eu fizesse uma performace extra? – Nós dois sabemos que essa música tem toda uma coreografia em particular e você a sabe de cor, então quer fazer o favor de vir aqui? Também quero me acalmar.
Revirei os olhos balançando a cabeça e seguia até ele já bailando ao som da melodia. Os passos suaves, mas firmes, que executávamos em perfeita sincronia demonstrando a tristeza que o compositor depositara nas notas. Sorri contidamente encarando os olhos negros de Kyoichi, que agora exibiam um brilho diferente causado pela chama pela dança que se inflamava do fundo de sua alma. Nesse momento eu me esqueci de onde estava, esqueci dos jurados, e até do maldito pânico. Só precisava dançar com ele, o resto era apenas um borrão negro ao fundo de minha mente.
Os acordes chegaram ao seu ápice mais dramático. Deixamo-nos levar, possuídos pela dor da historia da canção, personificado a dor do casal que não poderia concretizar seu amor, definhando-se nos empecilhos que os atrapalhavam. Eu mesma sentia vontade de chorar enquanto rodopiava dramaticamente para longe de Kyoichi, vendo-o dançar um pouco mais lentamente, como-se não pudesse me alcançar.
Os acordes seguiram, ate o momento final, o reencontro, nossos rostos iluminados de alegria, não só por sentir a música em sintonia com as batidas de nossos corações. Mas por algo novo, que naquele momento nem eu soube identificar.  O último salto e a coreografia chegaria ao fim. Corri em direção aos braços Kyoichi e ele me pegou, levantando-me no ar e descendo lentamente. Abri os olhos no momento em que suas orbes se nivelavam as minhas. Um sorriso que eu costumava chamar de “meu”, repleto de felicidade se abriu em seu rosto e automaticamente se espelhou em meus lábios. Conforme a música se esvaia fomos ajoelhando lentamente um de frente ao outro, os braços dele ainda em torno de minha cintura, minhas mãos nos seus ombros, cada um com uma das pernas esticadas para trás. Tudo isso sem desfazer o contato visual.
Ao contrario das outras vezes em que simplesmente ficávamos naquela posição ate que as cortinas se fechassem dando fim a apresentação, algo aconteceu de diferente. Kyoichi aproximou seu rosto ainda mais do meu, selando delicadamente nossos lábios, trazendo-me uma sensação avassaladoramente extasiante, tomando cada célula do meu corpo e enfraquecendo-me de prazer. Seu efeito era um milhão de vezes mais forte do que se tivesse recebido uma salva de palmas após uma apresentação consagrada. 
Mas, falando em salva de palmas, nós também a ouvimos, vinda, de nada mais nada menos, do que os cinco jurados de nossa banca. Eles aplaudiam com os olhos marejados de lágrimas. Havíamos sidos aprovados na monografia sem nem perceber. No entanto, o que mais marca aquela noite não é o fato de ser o fim de nossos testes na faculdade. Mas sim, o começo, de uma bela história de amor, a de Akemi e Kyoichi.




8 Comentários

  1. Agora eu fiquei querendo a música em boa qualidade...
    A música e o texto se encaixaram perfeitamente.
    Gostei muito da ideia do desafio relâmpago e vejo que ele pode gerar bons textos.
    Em relação a estilo de escrita, Priscila, você está um passo a minha frente. Você consegue ser fiel as suas características em todos seus texto.
    Parabéns. Acho que é tudo que posso dizer.

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  2. Eu adorei, adorei e adorei, porque fiquei na ansiedade, morrendo de vontade de ler e quando finalmente pude ler a fic que você tinha feito do nada, descobri algo muito mais "oh" do que tinha imaginado.
    Não sabia o que esperar na verdade, sabia que você era talentosa e tal, mas mesmo assim não tinha pensando nisso da dança.
    VOCÊ SIMPLESMENTE ARRASOU!

    Eu adorei, já disse né?
    Foi uma delícia, chegar aqui, depois desses dias duros e encontrar sua fic linda, maravilhosa, toda escorrida naturalmente, trabalhada na correria e bem feita como sempre.

    Bem, espero que tenha gostado de fazer um desafio relâmpago, porque isso foi ótimo!

    Beijos ~ <3

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  3. Amei essa idéia de desafio, ainda mais com temas inusitados fica mais facil[?] de criar algo diferente e original, mas modo de inspiração a parte amei a história, muito lindo...
    Como sempre fiote escrevendo super bem \0/

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  4. Que liiindo, Pryh!!

    Eu sempre gosto de histórias relacionadas a dança (apesar de nunca ter escrito uma) *-*

    Parabens ^^

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  5. Oi povo!
    A criatura lerda que so veio responder agora...
    enfim...

    FELIPE
    Ainda não engoli essa de um passo a sua frente, como disse no msn não consigo fazer isso sempre não. E pode deixar que se achar o audio, sem aplausos e qualquer intervenção eu te mando

    Pry Unnie
    Eu tinha tido uma ideia antes que seria relacionado a janelas vizinhas e outras randonisses, mas as imagens das cortinas de Lady Marmalade me surgiram em mente e eu pensei em teatro *O* O que acho que ficou beeem melhor
    Bem pra uma fic feita na correria eu até gostei, e da sensação de adrenalina em escrevê-la também, muito foda. To topando um desafio qualquer hora

    Lele
    Hey mamis, bem massa mesmo a ideia, só nao sei se facil seria a palavra certa, é meio estimulante forçar os neuronios a trabalhar XD

    Yayoi
    Heeey! Surtando aqui por vc ter vindo ler!
    Eu também adoro, ja quis escrever uma long com o tema, mas acho que pra uma estória longa eu ainda não tenho tanto talento, tipo descrição de movimentos e essas coisas, é meio complicado.

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  6. ;-;
    Primeiro: Pryska obrigada por desafiar minha unnie a escrever a fic.
    Segundo: a fic está perfeita! Posso ser muito suspeita para dizer isto, mas ela está muito perfeita.
    Terceiro: eu amo fic's desse tipo, e o que você escreveu ;-;

    Resumindo: história perfeita, escrita perfeita, música combinando perfeitamente, tudo perfeito!
    Continue assim unnie <3

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  7. Ai Pryh, eu nunca tinha visto essa fic! QUE ABSURDO!
    É muito linda cara, muito mesmo. Até me deu saudades do Balé.
    Meus olhos ficaram marejados com a musica, imaginando a coreografia se desenrolar.
    Contar uma história triste é sempre tão marcante... Talvez por isso quase todos os Ballet's sejam tão tristes e profundos.
    Mas é sério, a história, a coreografia, a musica... Tudo tão lindo e tão arrebatador.

    E o desfecho tão simples e tão... poético. Parabéns Pryh, eu amei.

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    1. COMO ASSIM EU NAO VI O COMENTARIO ANTES???
      *O* Woww unnie fico feliz que tenha gostado e tenha conseguido sentir exatamente o que eu quis passar com ela
      historias tristes tocam fundo mesmo, as vezes geram maior reflexão...
      o interessante é que os ballet's mais triste são os que te deixam mais marcada...pelo menos acho assim...
      obriga pelos elogios...fique MUITO feliz mesmo \o/

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