Algumas pessoas têm uma segunda chance para viver, mas o que nem todas sabem é que nem todas são obras do acaso. Não costumava acreditar em entidades de um submundo que podem controlar os fatos do destino. Pelo menos não até agora.

Dias antes...

– Nate para mim chega! – gritei e sai por a fora. Estava cansada de um relacionamento conturbado. Por mais que você ame uma pessoa não da para aguentar por muito tempo ataques de ciúme exagerados. Eu não era um pássaro pra viver preso em uma gaiola, não poderia parar só pra isso.
Corri pelo parque sem nem ao menos observar o caminho por onde passava, só queria sair de perto de Natanael Spencer, meu namorado desde o ultimo ano do colegial e agora noivos. Nos conhecemos graças a um projeto de duplas proposto pelo professor de química, e passamos a ser amigos. Quando o pai dele morreu eu fui a única pessoa com quem ele costumava conversar. Talvez porque eu não havia conhecido o meu. Mas isso não vem ao caso, não agora.
– Sabrina! – ouvi a voz dele me gritar e virei para trás pronta para lhe gritar que eu precisava de um tempo, que ele me sufocava dentre outros discursos de nossas brigas corriqueiras.  – Por favor Sah me perdoa... Eu...
Qualquer palavra do discurso barato de Nate sumiu de meus ouvidos, um descontrolado veio e nossa direção e tudo o que me lembro é da luz branca dos faróis ofuscando meus olhos, e do olhar apavorado de Nate enquanto um grito de “NÃO” ecoava nos meus ouvidos.
Acordei horas depois no hospital,  já havia amanhecido e o sol tentava vencer a batalha com as nuvens cinzentas e pesadas que cobriam todo o céu. A primeira palavra que  saiu dos meus lábios foi o nome dele. Eu podia estar brava na hora, podia querer mata-lo eu mesma por ser tão ciumento. Mas agora tudo o que eu queria era olhar em seus olhos cristalinos e dizer o quanto eu o amava. Porém não foi isso que aconteceu.
– Como assim coma em estado agrave? – perguntei exasperada a enfermeira.
Ela me explicou que quando Nate foi atingido pelo veiculo seu corpo fora arremessado e batera em um banco. Havia quebrado duas costelas, mas o ferimento mais grave era em seu crânio, dois coágulos haviam se formado e se não diminuíssem ele poderia morrer. Meu mundo desabou nesse momento. Ele estava correndo risco de morto, mas era eu quem me sentia morta.
 Tive alta do hospital em menos de uma semana, misteriosamente eu não havia sofrido tantos ferimentos. E meu organismo respondeu bem aos medicamentos. Já Nate continuava do mesmo jeito, um dos coágulos havia desparecido, mas ele não acordava.
Talvez eu seja uma pessoa masoquista, mas voltei ao parque. Era noite e olhar para o lugar onde tudo aconteceu me causou um sentimento estranho. Como se eu revivesse a cena. Se eu não tivesse saído correndo feito uma louca Nate não estaria entre a vida e a morte agora. Certamente estaríamos brigando, mas ele estaria bem.
– Faria qualquer coisa pra mudar isso. – sussurrei ao vento entre soluços e lagrimas.
– Talvez você possa. – ouvi uma voz masculina dizer.
Virei-me para traz assustada. Um homem alto, usando sobretudo preto e chapéu fedora da mesma cor caminhava em minha direção. Pensei em correr, mas minhas pernas não parecia receber a mensagem enviada pelo meu cérebro. Então fiquei parada observando aquele estranho se aproximar.
– Quem... Quem é você? – odiei a mim mesma estar tão visivelmente apavorada a ponto de gaguejar.
– Alguém que pode te ajudar.  – o canto esquerdo de sua boca se curvou pra cima em um sorriso, mas aquilo não me passou confiança, muito pelo contrário.  “Pense em Natanael” – a voz soou na minha mente, o observei ainda mais apavorada. Mas ele tinha razão, se havia alguma forma de salvar.
– O que você pode fazer? Como pode me ajudar? O que é você? – as perguntas saíram como um jato antes mesmo que eu pudesse controlar.
O homem riu ruidosamente, o som era sedutor, mas um alerta de perigo soou no fundo de minha mente, e como que para confirmar isso um arrepio gélido correu meu corpo quando o estranho colocou uma mecha do meu cabelo  que chicoteava ao vento atrás da minha orelha. Apesar disso ainda havia Nate.
– Posso fazê-lo viver, mas isso vai depender do que eu ganhar em troca. Quanto ao que eu sou, você deveria descobrir sozinha... – falou ele se virando para o lago enquanto dobrava o sobretudo no braço.
Uma ideia passou-me pela cabeça, mas não se encaixava, ou talvez... Ele era belo, até demais para um mortal, a postura misteriosa. Quando pensava em completar os outros item um vento forte soprou pelas arvores, jogando meu cabelo contra o rosto, olhei mais atentamente para o homem e tive certeza de minha teoria, A camisa branca tinha um tom quase transparente, em suas costas duas cicatrizes negras começavam abaixo das omoplatas e seguiam até a altura dos rins. Um “V” invertido. A marca de um anjo caído.
Antes que eu desse voz aos pensamentos ele voltou-se novamente em direção a mim. Parecia já saber minha conclusão. O Sorriso sedutor mas repelente bailando nos lábios. Mas uma vez quis correr, no entanto, mais uma vez pensei em Nate, só que agora consegui visualizar o sorriso que eu costumava chamar de meu.
– O que eu tenho que fazer? – me surpreendi com a convicção presente em minha voz.
– Uma simples troca de lugares, e ainda posso deixa-lo vê-lo mais uma vez, se quiser você vira comigo apenas depois que ele acordar.
– Não, você... pode... fazê-lo se esquecer que me conheceu? – perguntei chorosa.
O anjo me olhou curioso. E assentiu estendendo-me a mão. Em um segundo estávamos no parque e no outro estávamos no hospital, ao lado da cama de Nate. Ele parecia dormir. Sua expressão era serena. Olhei de Nate para o anjo, e de novo para ele. Aproximei-me da cama e dei um selinho em seus lábios. Não estava muito contente em fazer isso na frente daquele “homem”, mas essa provavelmente era minha ultima chance.
– Estou pronta. – falei juntando minhas forças.
O anjo caminhou até Nate, passou as mãos sobre sua cabeça e o analisou com uma expressão que não consegui decifrar. Quando se afastou me estendeu a mão.
–Precisamos sair daqui – murmurou baixo, e pude perceber que Nate estava se mexendo.
Um segundo depois eu estava novamente no parque, o homem olhava a agua turva do lado pensativo. Parecia feliz, eu supus que pelo fato de ganhar uma alma nova.
– Ele não vai se lembrar de nada não é? – quis ter certeza.
O anjo me analisou, os olhos semi serrados. Um alerta silencioso de que eu não deveria duvidar de sua palavra.
– Acho que é hora de cumprir minha parte. – falei inquieta.
O anjo veio em minha direção, segurou minhas mãos, e ao contrario do que eu imaginava me deu um beijo na testa. Minhas vistas foram ficando desfocadas, e as bordas se escurecendo, um segundo depois, eu apaguei.
-X-
Já me disseram que no momento em que estamos prestes a morrer toda nossa vida passa em frente aos nossos olhos como um filme, fazendo com possamos ver os melhores momentos de nossas vidas. Pois para mim não foi bem assim. Só havia uma imagem em frente aos meus olhos, e nem de longe era um filme.
Eu estava sentada em uma poltrona de hospital, minhas costas doíam com se eu estivesse dormido de mau jeito por horas. O céu estava novamente escuro. Nate estava sentado na cama, parecendo confuso. Lembrei-me do anjo, e de algo que ele sussurrou enquanto eu era tragada pela escuridão. Antes que pudesse continuar pensando sobre isso a ficha caiu. Nate estava ali acordado.
Saltei da poltrona e corri até ele abraçando-o e lhe pedindo perdão por sair correndo. Expliquei lhe sobre o acidente e ele se lembrou de tudo aos poucos. Me encheu de perguntas sobre os machucados decorridos do acidente, e me fez girar algumas vezes para olhar para meus braços e outras partes do corpo para ter certeza de que eu estava bem. Logo depois me apertou em seus braços enquanto dizia que o quanto estava feliz por eu não ter me machucado tanto.
Uma enfermeira entrou no quarto, provavelmente devido a agitação do aparelho que media os batimentos cardíacos de Nate. Quando viu que ele estava acordado foi chamar um médico para dar uma olhada nele. Fui tirada do quarto enquanto ele o examinava, o que não gostei muito. Mas aproveitei para ir  pegar um café para mim.
Pequei o copo fumegante e caminhei rumo ao um jardim na frente do hospital, olhei no relógio, eram quatro da manhã. Não me lembrava de nada entre dez horas e o momento em que Nate acordou. Será que eu havia sonhado?
Como se adivinhasse meus pensamentos o vento forte soprou. Algo veio pairando no ar e caiu em frente aos meus pés. Uma pena preta. Agachei-me pegando-a nas mãos, tinha quase o tamanho do meu ante braço. Grande demais para um pássaro. Olhei para o céu encontrando só uma fatia da Lua, nada de estrelas. Um frio gelado correu por minha espinha e eu sabia que não havia sonhado.
-X-
– Sabe que não pode protegê-la das futuras perdas não é Jer? Uma hora ela irá descobrir seu sangue nefilim. – a garota de estatura mediana, feições delicadas me dizia com aquela voz irritante.
– Eu sei, mas não é pecado nenhum um pai cuidar de sua filha. – falei firme, desafiando-a a dizer o contrario.


Por Priscila M. Santos (Lee_Pryh) – 25/01/2012 – 01:50 PM


4 Comentários

  1. Thiarlley Valadares1 de fev. de 2012, 00:20:00

    MANO SERIO, QUANDO ABRI ESSA FIC PENSEI QUE ALGUEM IA MORRER, IA DAR NA FACE DE ALGUEM AQUI, u_u
    Mano sério, eu adorei. Menos o fato de não ter NEM UMA BITOQUINHA, mas enfim. Teve com ele dormindo, mas não conta. u_u
    EU não sei comentar essas coisas pra melhorar isso ou aquilo, então vou comentar só que eu amei. '-' Q
    E a Priscila me obrigou a ler e a comentar gente. '-' Q

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  2. eu sinceramente não gostei desse 'dar na face de alguém' tenho certeza que esse alguém tem rosto muito fofo pra ficar vermelho por tapas -q
    Enfim, eu sinceramente nem lembrei de beijo porque o foco ero anjo, então fica pra próxima kkkk
    E sim te obriguei porque você precisa treinar fazer comentários u.u

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  3. Thiarlley Valadares1 de fev. de 2012, 00:37:00

    Treinar fazer comentário, vou fazer a cega pra isso ein. u_u
    PDOFPFAKDFKOADFPDSKDFDKODKOK Nem que esse alguém fosse o Henry ein. u_u /parei
    Fia quero fic, flw? Flw. Agora faz. u_u

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  4. O que dizer sobre esse texto? Quando li o título achei que fosse outra coisa, mas no fim não fugiu tanto a minha primeira ideia de um pacto demoníaco. Esse fim significa algum tipo de sequência ou não?
    Já quanto ao texto, eu honestamente adorei. Talvez merecesse um pouco mais de linhas, o texto ficou realmente interessante. Só senti um pouco de falta das suas famosas cenas mais românticas. Talvez um dialogo maior com um anjo, descrevendo um pouco mais as sensações pudesse ser uma boa pedida. Mas em geral o texto ficou excelente.

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