Insuportáveis
Depois do almoço Pryh se viu sozinha no apartamento, Lele havia saído
para a companhia de teatro, pois HeeChul, o outro coprodutor geral, marcou uma reunião
de ultima hora. Pelo pouco que sabia, ele estava querendo montar um musical que
seria apresentado em um dos clubes privados da cidade.
Pryh lavou, enxugou e guardou a louça do almoço, depois arrumou a sala
que estava meio bagunçada, alinhou as almofadas do sofá, então foi até seu
quarto e voltou com alguns processos para analisar que na maioria se resumiam a
rescisão contratual. Não era algo que ela tivesse muita dificuldade em
entender, mas precisava de muita atenção ao inspecioná-los, qualquer detalhe
poderia geral perca de dinheiro para os clientes. Tirou seus sapatos e se sentou
no tapete felpudo, recostando-se no sofá e puxando a mesinha de centro um pouco
mais para perto de si, arrumando sobre elas os processos.
Tudo estava correndo muito bem
nas primeiras duas horas de apreciação, porém sua atenção foi perturbada quando
alguém ligou um som alto no apartamento vizinho. Com o susto a garota quase
misturou as folhas soltas que estavam em suas mãos. Pryh esperou algum tempo para
ver se a pessoa se tocava de que provavelmente estaria atrapalhando os
vizinhos, contudo a música continuava alta, levantou-se, andou de um lado para
o outro massageando as têmporas com os indicadores, ela já estava com um pouco
de dor de cabeça por ficar forçando as vistas e aquilo apenas piorava a
situação. Depois de um tempo se lembrou de que provavelmente a maioria das
pessoas estaria em horário de trabalho, incluindo o próprio sindico, e o
vizinho não teria motivos para desligar, ou ao menos, abaixar a música. Se
houvesse alguém nos outros apartamentos provavelmente seriam algumas crianças e
suas babás.
– Droga! – gritou ela, mas até o som de sua voz soou meio baixo.
A garota sentou-se novamente para ver se conseguiria se “desligar” do
barulho e focar-se nos documentos, mas a música estridente parecia ressoar
dentro de seu crânio. Priscila fechou os olhos bem apertados como se pudesse
fazer a música parar, já estava começando a se estressar. Deixou a pilha de
processos na mesa e caminhou até a cozinha, abrindo a geladeira em busca de
algo para beber, resolveu optar por um suco. Ainda tinha esperanças de que o
som fosse desligado a qualquer momento, porém nada mudou.
Sua paciência acabou se esgotando, ela seguiu para o corredor do
prédio, caminhou até a porta ao lado, deu uma olhada no brilhante numero
dezoito em prata que havia na porta, suspirou. Mesmo não gostando de se
intrometer na vida alheia e odiando quando alguém lhe mandava deixar de fazer
algo ela teria que fazer aquilo, precisava trabalhar. O individuo deveria ser surdo pra ouvir música
naquela altura ou gostava de encher o saco, ela acreditava na segunda opção.
Deu três batidas na madeira branca da porta, aguardou algum tempo e nada.
Provavelmente o som teria sido abafado pela melodia da música. Tentou outra
vez, um pouco mais forte, tanto na esperança de que o morador do lugar ouvisse
quanto pelo fato de que sua paciência se esgotava. Ninguém atendeu.
– Hey, por favor, atenda a porta. – gritava ela do lado de fora, agora
socando a porta. Passados quase dez minutos Priscila desistiu de tentar chamar
a atenção de seu vizinho barulhento, voltou resignada para seu apartamento e
bateu a porta com força.
Não havendo maneira de voltar a estudar os processos novamente ela
decidiu dar uma geral na casa, pegou a pilha de papeis e os depositou na
escrivaninha do quarto. Seguiu para a área de serviço pegando alguns produtos
de limpeza e começou o trabalho, pelo menos assim o tempo passaria rápido e ela
não ficaria com a mente focada e matar o vizinho novo, talvez só enforcá-lo.
Posteriormente acabou se distraindo com seu problema tornando-o de
certa forma útil, era bem mais interessante limpara a casa ouvindo música,
mesmo não sendo escolhidas por ela, tinha de admitir era legal, a advogada
acabou sendo contagiada pela batida forte de uma das músicas de Drew Seeley que
tocava. Mal notou quando começou a dançar enquanto limpava a parte superior do
guarda roupas. Seu “palco” na verdade era uma cadeira e o microfone improvisado
um frasco de removedor de manchas. Devido a sua introspecção no em seu “show de
limpeza” não notou o decorrer das horas.
– Não sabia que você gostava de Just That Girl... – disse Ryo
encostada na porta do quarto de Pryh rindo baixinho, se tivesse uma câmera na
mão com todo certeza aquela cena iria parar no You Tube.
– Ai que susto! Ryo você vai me matar do coração uma hora. – disse
Pryh que quase havia caído da cadeira.
– Se o DLN[1] não matou até hoje não
serei eu... – disse ela baixinho.
– Que foi que você falou? – Priscila perguntou com a sobrancelha
levantada.
– Nada. – Luana disfarçou – Desculpa mais foi sem querer, não sabia
que você estava tão concentrada assim. – disse Ryo rindo mais ainda.
– Acho que acabei me distraindo. – comentou Pryh sorrindo amarelo, a
garota havia ficado sem graça com a situação.
– Percebi... – a amiga respondeu tentando parar de rir.
– O que você está fazendo aqui mais cedo? – Disse Pryh mudando de assunto ao descer da
cadeira.
– Não sei se comentei ontem, mais vou conhecer o parque que aquele
professor irritante quer tirar as fotos... – disse Ryo fazendo uma careta de
mal humor.
– Você não tinha dito que iria tirar as fotos naquele parque onde
agente sempre vai caminhar? – disse Pryh sem entender.
– Disse, mas o cara é tão petulante e insistente que vou ir com ele
até o outro parque que ele indicou. – Luana
agora tinha um tom ríspido. – Mas só vou fazer isso pra ele não reclamar que eu
nem sequer olhei antes de decidir tirar as fotos onde eu estava planejando
desde o começo. Porque vai ser exatamente isso que vou fazer. – terminou ela demonstrando irritação.
– Okay, eu não vou nem me meter nisso, porque sei que você odeia que
interfiram no seu trabalho. – disse Pryh olhando pra Ryo, internamente ela
pensava que o professor teria que tomar cuidado se quisesse continuar inteiro.
– Não se preocupe, não vou ficar irritada com você. – falou Ryo mais
brandamente.
– Hey meninas cheguei! – Kelle gritava da sala e foi nesse momento que
Priscila se deu conta de que haviam desligado o som, a música que Luana a pegou
cantando provavelmente foi a ultima a tocar.
– Estamos no quarto Lele. – informou Ryo.
– Hey! Como foi a reunião? – a pergunta que Pryh queria fazer era “Você não brigou com ninguém não né?”.
– Ah, uma coisa doida, HeeChul demitiu o contador devidos a alguns erros
que ele cometeu, e disse que já tem alguém em mente para por no lugar. –
explicou ela, parecia ter estranhado a decisão. – Bem se for melhor que o
ultimo eu não vou reclamar, e os donos da companhia pareceram gostar da
indicação dele. Que por sinal eu ainda não conheço. – a ultima frase foi dita
em tom desaprovador.
– Ele nem lhe deu satisfação? – Perguntou Ryo se virando pra ela com
uma das sobrancelhas levantadas e uma cara de “já vi essa cena”.
– Não, mas na verdade acho que estava de acordo com a demissão do
antigo, só quero ver quem vai ser esse novo contador. Se for alguém parecido
com o Sr. Egocêntrico eu juro que vou acabar brigando com alguém. – finalizou
ela irritada.
– Nossa calma ai, você ainda nem sabe se contador vai ser insuportável
como esse tal de HeeChul. – comentou Ryo.
– É verdade, o contador novo pode ser alguém legal, e de preferência
que trabalhe bem, claro. Tenta pensar pelo lado bom, o Sr. David não iria contratar alguém que não achasse que fosse bom para o cargo.
– Priscila também tentava apaziguar os ânimos.
– O problema é que ele já se enganou uma vez, todos nós nos enganamos.
Mas vou me esforçar pra não querer matar um antes da hora. Talvez, se der muita
sorte, o contador será alguém agradável de conviver. – falou Kelle. – “Mas que também não seja alguém muito
certinho porque esse tipo nunca presta.” Completou em pensamento. – Mas
como nem tudo é escuridão, a segunda notícia – ela continuou um pouco mais
calma – é que vamos mesmos fazer um musical, possivelmente uma releitura, só
precisamos decidir qual será, eu estava pensando em “West Side Story”...
– Não é aquela peça que
lembra Romeu e Julieta só que ao invés de pais temos duas gangues rivais? –
pergunta Pryh.
– Essa mesma, só se for
os casos teriam que pensar em um modo de deixar a peça mais contemporânea. –
explicou Lele.
– Seja qual for que
escolherem, eu acho que vai ficar muito boa.
– Obrigada Pryh, creio
que sou forçada a concordar, se todos trabalharem juntos tudo vai ficar
perfeito seja qual for à releitura escolhida. Mas, ainda sim vou tentar
convencer o diretor a ser “West Side Story”, aquela peça é muito linda. – Luana
e Priscila concordaram. – Agora, mudando de assunto, o que vamos fazer para o
jantar?
– Não sei se vou ter
tempo de jantar, vou encontrar o professor as seis e meia perto daqui.
– Ele ainda não
desistiu de escolher o lugar das fotos? – quis saber Lele que já sabia da
história toda.
– Aquele ser é
adoravelmente insistente. – disse Ryo ironicamente. – Mas mudando de assunto
que tal fazermos uma torta de frango com requeijão para o jantar? E eu posso
comer quando voltar.
– Não, melhor fazermos
agora, agente come mais cedo não tem problema. – conciliou Lele.
– Okay eu fico com a massa.
– disse Pryh rápida.
– Faço o recheio... –
Se ofereceu Ryo. – Lele acho que também pode me ajudar, tem alguns tomates
lindos na geladeira que combinaria, posso desfiar o frango enquanto você os
pica.
– Então, mãos a massa
garotas! – disse Kelle já indo em direção à cozinha.
Cerca de meia hora
depois já estava tudo pronto, a torta estava terminando de gratinar e as
meninas estavam lavando a louça que haviam sujado, Priscila lavava, Ryo
enxugava e Kelle por ser a mais alta das três guardava os pratos, assim depois
de comerem ficariam com coisas para fazer.
– Lele me esqueci de
perguntar os moços da loja vão vir montar os moveis do quarto da Bell hoje em
vez de amanhã de manhã?
– Vão sim Pryh, eu pedi
para que eles viesse as sete da noite, assim nós duas podemos supervisionar o
trabalho para que não estraguem a parede, que eu já conferi, está totalmente
seca.
– Ai que máximo! Só
espero que ela goste
– Aposto que ela vai
gostar Pryh, não se preocupe! – falou Ryo a abraçando apertado e abrindo um
sorriso confortador logo em seguida. – Além disso, você parece a conhecer bem
não teria como ela não gostar, Certo?
– Isso e verdade, e se
ela não gostar não vai ser o fim do mundo, agente pode redecorar o quarto outra
vez. – concordou Kelle, emendando com um tom leve em seguida – Não vou ligar de
passar outra tarde escolhendo moveis e outras coisas para a decoração.
Isso bastou para
Priscila se sentir menos insegura logo em seguida ouviram o timer do forno, a
torta finalmente havia ficado pronta. Como era de costume no dia em que estavam
animadas elas nem usaram a sala de jantar e acabaram se sentando em volta do balcão
da cozinha que tinha algumas banquetas altas a sua volta. Assim que terminaram
a campainha tocou, eram os montadores dos móveis.
– Mas conta Ryo e seu
dia de trabalho como foi? Tirando a parte do professor de dança. – perguntou
Kelle.
-- Bom, montei o painel
da Bell, e mandei pra gráfica, amanhã você pode ir comigo e pegar – falou ela
se virando para Pryh – Escolhi as fotos que vão para o álbum da ultima festa a
fantasia e claro falei com o professor.
– Afinal como é esse
cara? – perguntou a advogada.
– Chato, insistente,
petulante... Enfim uma mala, ás vezes acho que ele implica comigo de propósito.
Sei lá eu devo ser muito engraçada quando tô com raiva.
– Às vezes um pouco – a
advogada falou emendando logo em seguida – Mas ele não tem o direito de ficar
implicando com você por isso.
– Pryh tem razão. Você
que tem direito de implicar com ele, pois é a mais velha. – aquela frase de
Kelle não servia só pra Ryo.
– Preferiria que tudo
ficasse em paz isso sim. Mas duvido que isso aconteça tão cedo. – disse Ryo
revirando os olhos.
– Não duvide unnie. Mas
mudando de assunto e o Jae? Não viu ele hoje? – Priscila perguntou estranhando
o fato de Luana não ter comentado nada de JaeJoong
– Ele chegou meio
atrasado e não teve tempo de passar na cafeteria. – respondeu ela fazendo um
bico, costumava tomar um cappuccino com o outro professor de dança e um de seus
melhores amigos diariamente antes de começarem a trabalhar.
– Tô com saudade dele.
– reclamou a advogada que era como uma irmã mais nova do rapaz.
– A culpa é sua por não
ir lá né? – falou Kelle.
– Tá eu sei, mas amanhã
passo pela sala dele e o cumprimento.
– É melhor fazer isso
mesmo. – disse Ryo, não queria ver Jae chateado por culpa de sua amiga. – Bom acho
que vou tomar um banho, logo tenho que ir encontrar o professor de dança.
– E eu vou ver se
consigo ver mais alguns processos. – disse voltando a se lembrar do vizinho.
– Você não ia fazer
isso hoje a tarde? – Lele perguntou sem entender nada.
– É até que eu ia mais
infelizmente nosso vizinho do dezoito parece sofrer de problemas auditivos e
ligou o som no ultimo volume. – Priscila bufou ao terminar a frase.
– Mas bem que você se
deu aproveitou as músicas que estavam tocando. – comentou Luana rindo da cara
sem graça que sua amiga fez.
– Não entendi outra
vez.
– Lele você perdeu o
show particular que nossa querida Pryh estava dando em cima da cadeira da
escrivaninha enquanto arrumava o guarda-roupa do quarto dela, com direito a
microfone improvisado e tudo. – Ryo agora se acabava de rir e Pryh ficou ainda
mais vermelha, o que a deixou ainda mais irritada com o vizinho.
– E você não filmou
isso? – Kelle perguntou a Luana que balançou a cabeça em sinal negativo e
depois se virou para Priscila. – Faz de novo pra gente filmar e por na net?
– Você tá doida é? – a
garota arregalou os olhos assustadas, e as outras duas continuaram a rir. Pryh
imaginou como devia estar engraçada dançando em cima da cadeira e acabou se
rendendo ao riso também, não tinha outro jeito, como diz aquela frase se você está
em Roma faça como os romanos.
[1] DLN: Significa Docinho de Leite
Ninho, é o apelido de alguém que a advogada conheceu na faculdade.
IUHSIUDHAISDUHAIDUHAIDUHAUISDAIUSDHAIUSDHAUIDHASID
ResponderExcluirGente eu adoro esse dialogos Pryh, Ryo, Lele! Eles são tão naturais e engraçados, eu quase posso sentir eles!
Ainda mais falando mal dos infelizes, porque né.. Esse povo poderia ser menos irritante e impertinente KKKKKK
Okay parei... Mas convenhamos que o Hae tá muito exibido no começo... Tá merecendo uns tapas bem dados, ok. u_u~