Ao ler o texto com as informações da proposta para o flyer e site da marca de perfume que LeeTeuk participaria Isis sentiu um sorriso maquiavélico formar-se em seu rosto. Mesmo se Jennifer não fosse convencida por seu plano A, sua segunda opção de coação seria mais fácil do que podia imaginar. Poderia até usá-la de primeira, mas por algum motivo queria ver como a bailarina tentaria procrastinar o inevitável. Com a mente trabalhando em mil e uma variações de como sua unnie receberia a noticia Aishi enviou uma SMS para o melhor amigo pedindo que ele fosse até a o andar em que trabalhava assim que tivesse um break, o que só ocorreu na hora do almoço.
– Como você me esconde informação preciosa assim hein? – a designer falou assim que eles entraram no restaurante que costumavam ir as sextas, sua mão estalou de leve no braço do mais velho.
– Que Informação importante? – Park esfregava o local com cara de dor.
– Você tá andando demais com a Jennifer e pegando a lerdeza dela é? – rebateu fazendo um bico.
A conversa foi interrompida apenas para fazerem seus pedidos.
– Anda logo, diz o que eu me esqueci de contar. – LeeTeuk falou no instante em que foram deixados sozinhos.
– Isso aqui. – ela tirou o mini Ipad da bolsa e mostrou um rascunho da arte digital que estavam montando para a campanha. O ator ainda continuou com cara de desentendido então ela continuou: – Seu tapado, esse é o perfume favorito daquela teimosa! E você leu as clausulas do contrato do CF que vocês vão fazer?
– Hum, não... Você leu?
– Claro, né? Até parece que sou só eu quem moro com a advogada. Enfim, você se lembra da terceira?
Teuk franziu o cenho tentando se lembrar de qual ela falava e então sorriu mostrando todos os dentes e sua covinha. – Isso é perfeito!
– Só preciso descobrir mais uma coisa, e usar de uma pessoa aparentemente neutra pra por o plano A em pratica. E descobrir quem é a tal garota que ela não vai com a cara na companhia. – ponderou Isis fazendo uma anotação mental.
– Me lembre de morrer seu amigo. – Park disse rindo enquanto, enquanto experimentava de seu almoço recém-servido.

~~~~*~~~~

Priscila estava concentrada na montanha de casos a sua frente. Ao passo que o escritório ganhava fama mais processos ocupavam sua mesa. Ainda havia um padrão de pequenos casos que às vezes a irritavam, mas ao mesmo tempo, divórcios e contratos pré-nupciais eram algo que ela tinha facilidade para trabalhar, então não reclamava muito. O que mais a estava cansando nas últimas quatro semanas era a nova estagiária que havia “ganhado”. A garota era até esforçada, contudo vez ou outra dava algum “defeito.” O que acabava com sua paciência era o fato de sempre estar sendo observada, e a porta da sala quase sempre esquecida aberta. Seu único consolo era o fato e que na semana seguinte a garota ficaria mais tempo com Ara, que cuidava da parte tributária e empresarial.
Santos estava concentrada contabilizado mentalmente quantos horas ainda teria de aguentar  perguntas e correções de petições que nem se incomodou em levantar o rosto ao ouvir o barulho da porta ser fechada. Já era quase hora de almoço, ela ainda não havia terminado a programação que se impôs para aquela manhã, seu estomago começava a reclamar e exigir a merecida refeição. Só de pensar que ainda teria de procurar um restaurante por perto que não estivesse apinhado de gente lhe dava fadiga. Suspirando ela deixou o corpo afundar na cadeira que estava virada com as costas para a entrada da sala.
– Porque todo esse desanimo, linda?
Como em um déjà vu sinistro Pryh deu um pulo na cadeira e um pequeno grito. O corpo girou cento e oitenta graus na cadeira e por pouco ela não se estatelou no chão. Seus olhos arregalados foram de encontro à figura de Cho, que mais uma vez, havia brotado em sua sala sem nenhum precedente e para variar estava bagunçando os documentos de sua mesa.
– Me assustar por acaso virou um hobby pra você!? – reclamou assim que conseguiu encontrar sua voz. – O que diabos você faz aqui Kyu?
– Calma! – ele levantou as mãos como que tentando se mostrar inofensivo. – Só vim aqui ver se minha irmã queria almoçar, mas todos já foram e...
– Como assim todos já foram!? – ela se levantou e abriu a porta só para encontrar os o local tomador por um silêncio que naquele momento não era tão bem vindo assim. A única pessoa no andar era uma das secretárias que aproveitava seu almoço no final do corredor. A mulher nem havia se dado ao trabalho de anunciar o visitante. “Muito profissional.” – pensou irônica.
– Eu não disse?
O rapaz falou próximo ao seu ouvido, e novamente Pryh se sobressaltou, desequilibrando-se sobre os saltos e tendo de se agarrar ao batente da porta.
– Porra Kyu! Quer parar com isso?
– Isso o que? – perguntou num tom de sarcasmo mal disfarçado.
Era assim que ele queria a ajuda dela?
– Você sabe muito bem o que! – rebateu não admitindo em voz alta o desconforto que ainda insistia em se fazer presente.
– Não sei do que está falando... – insistiu, ganhando um semicerrar de olhos – Tanto faz... Você quer ir almoçar comigo ou não? Estamos perdendo tempo!
Priscila revirou os globos oculares, além de assustá-la ele ainda estava se achando no direito de lhe dirigir ordens? Ótimo! Se continuasse assim ela não iria fazer nada para que ele e Aishi se acertassem.
– Não era eu quem você deveria estar convidando, mas para sua sorte, não estava a fim de comer sozinha, então vamos lá!

~~~~*~~~~

A companhia de dança teve uma manhã calma. Jennifer e DongHae estavam empenhados em não deixar que seu lugar de dançarinos principais fosse substituído pela dupla que mais lhe faziam rivalidade. Ou, pelo menos, Jenny e a outra bailarina quem tinham uma rixa silenciosa. Apesar dessa preocupação os dois se saíram bem, os passos estavam bem sincronizados e não seriam necessários ensaios extras como alguns outros.
Ao final do primeiro horário a garota parecia muito satisfeita consigo mesma. Por toda amanhã ela vestira uma mascara inabalável para comentários de qualquer um, como se ninguém pudesse lhe tirar o bom humor. Lee estava achando aquela atitude muito suspeita. Ela não havia nem se dado ao trabalho de discutir com ele, e isso não lhe parecia correto. Afinal, para Jennifer o dia não lhe parecia completo quando não implicava apenas uma vez com Hae. Contudo, não se sucedeu sequer um comentário atravessado durante toda a manhã.
– Você está bem? – Hae perguntou quando Jennifer voltou para a mesa do refeitório trazendo-lhe uma lata do chá gelado que ele adorava a qual foi lhe entregue.
– Sim, porque não estaria? – desconversou enquanto bebericava sua lata de Coca-Cola.
Ele semicerrou os olhos analisando a postura despreocupada que ela mantinha. Parecia relaxada demais. E aquele “agrado”  também era esquisito. Na maioria das vezes mesmo quando ele lhe dava o dinheiro e pedia-lhe para comprar qualquer coisa ela replicava um “não sou sua empregada” e ele tinha de ir até a lanchonete. E, agora, ela simplesmente lhe trazia o chá sem que ao menos fosse pedido?
– Você está estranha. – afirmou desconfiado.
– Ih, está vendo coisas onde não tem nada já? – rebateu enquanto brincava com o anel da lata.
– Essa calmaria toda é suspeita. Nada me tira da cabeça que você está pra aprontar alguma. – ele acusou.
Jennifer riu com escarnio.
– Deu pra ficar paranoico agora Lee? Olha é melhor procurar um psicólogo hein, pode estar com problemas nessa caixa de fósforos que você chama de cérebro. – alfinetou sorvendo o restante do liquido e já rumando para as escadas que davam acesso as salas de ensaio.
DongHae continuou fitando as costas da garota até desapareceram do seu campo de visão. Não tinha sido convencido por aquele discurso evasivo. Podia não ter ideia do que ela estava fazendo, porém sabia que inocente a garota não era. O problema era que temia não conseguir descobrir o que ela tramava antes que fosse tarde demais, e a sensação de que isso aconteceria e que ele seria o alvo não o deixou em paz tão cedo.
O rapaz jogou sua própria lata na respectiva lixeira e começou a caminhar por onde a mais nova havia seguido. Parando apenas para atender o celular.
– Oi Teuk! Aconteceu algo?... Para que quer saber?... Hum, não tenho certeza, mas provavelmente a Melanie... O que vão fazer com isso?... Que seja, se alguém me perguntar vou dizer que não sei de nada! Tchau.
Terminada a ligação ele voltou ao trabalho.

~~~~*~~~~

Por volta das seis e meia Cho chegou ao condomínio comercial em que Teuk e Isis trabalhavam. Passou os primeiros vinte minutos ouvindo uma rádio aleatória. O fluxo de pessoas que deixava os prédios e o estacionamento ia diminuindo com o passar do tempo, assim como os carros ali parados, e nada dos dois aparecerem. KyuHyun já tamborilava os dedos no volante, sua paciência estava no limite.
Passado mais alguns minutos ele desistira de espera, pegou o celular digitando o numero de LeeTeuk que atendeu lá pelo terceiro toque. O riso dele e de Aishi ecoaram pelo fone antes o ator dissesse qualquer coisa.
– Alô?
– Bonito, eu aqui plantado no estacionamento esperando vocês há meia hora, e os dois aos risos em vez de se apressarem para irmos embora!
– Wow, calma aí ô estressado! Estamos no elevador. Mais cinco minutos e chegamos! – respondeu o outro sem perder o bom humor, encerrando a chamada logo em seguida.
Quando Park chegou ao carro Kyu estava engolindo uma barra de chocolate, ainda resmungando pela demora. Assim que o hyung se acomodou no banco o maknae puxou o cinto pronto pra ligar a ignição, mas se deteve ao notar o banco de trás vazio.
– Cadê a Aishi? – questionou ele.
– O cartão magnético dela não queria passar na catraca, então ela pediu que eu viesse na frente para te avisar. – explicou LeeTeuk.
– Ótimo, justo no dia em que eu mais tô com pressa de chegar em casa, e com fome, me acontece isso! – bufou.
– Até parece que passou o dia a pão e água! Não teve tempo de almoçar não?
– Na verdade sim, e até tive uma boa refeição... – comentou enquanto ponderava se seu repentino apetite não se devia a sua ansiedade pós mais uma rodada de conversa sobre a mais nova das garotas.
– Ah, é! Você ia almoçar com a Ara hoje... – lembrou-se Park.
– Eu nem almocei com ela, quando cheguei ao escritório quase todos já haviam saído... –Naquele momento a designer se aproximava do carro a passos lentos, aproveitando-se do fato de não ter sido notada acabou por prestar atenção na conversa. – Daí eu aproveitei e convidei a Pryh, foi divertido, conversamos bastante...
– Divertido? – Teuk levantou uma sobrancelha sem acreditar muito, apesar do tom animado do outro. – Ela mal gosta de ficar perto de você, quanto mais um almoço a sós!
– Não exatamente... – rebateu Cho. – Estamos melhorando isso, e, nos entendendo melhor. – concluiu engolindo o resto do chocolate.
Isis fechou a cara perante a última declaração do amigo. Deu os passos que faltavam para que chegasse ao carro, acomodou-se no veiculo e bateu a porta com mais força que o necessário.
– Olá. – disse por fim com um tom ranzinza.
– Hey cuidado! O carro não tem culpa do que aconteceu! – ralhou KyuHyun acreditando que o mal humor alheio se devesse a demora da garota para arrumar seu identificado magnético.
– É, o carro não, mas o dono... – proferiu num sussurro.
– Disse alguma coisa? – quis saber o ator.
– Nada não... Anda Kyu, você não queria ir embora? Que tá fazendo que não ligou o carro até agora!?
LeeTeuk encarou a melhor amiga pelo retrovisor,  a menos de quinze minutos a garota estava sorrindo alegre e agora sua expressão contava com um bico enorme. Ele também supôs que fosse pelo seu atraso, e voltou a fitar a janela enquanto um Cho confuso ziguezagueava por entre os automóveis buscando chegar mais rápido ao seu destino.

~~~~*~~~~

Priscila diminuiu a marcha ao avistar a luz vermelha do semáforo, as unhas feitas tamborilavam no volante enquanto esperava sua vez de avançar, os olhos percorreram as vitrines das lojas a sua esquerda. Os mostradores estavam repletos de TVs de plasmas sintonizadas em um canal de clipes; naquele momento Shakira e Beyonce exibiam suas belas formas em trajes negros e cabelos esvoaçantes. O corpo da advogada retesou mostrando que ainda guardava as memorias da coreografia a muito não praticada. Seus pensamentos lembraram-na então do ataque que Jennifer dera por causa daquele mesmo estilo de música. Sem conseguir evitar ela acabou soltando um risinho baixo.
DongHae, que dessa vez estava sentando ao seu lado lhe olhou com o cenho franzido, movendo os lábios em um “O que foi?” silencioso. Santos apontou com a cabeça para o lado de fora. Quando as íris do rapaz recaíram sobre a tela o mesmo não pode evitar o sorriso sacana, menos ainda a provocação espontânea que se sucedeu.
– Hey Jenny! – ele chamou a bailarina que até então estava entretida em um livro pouco ligando para os outros dois ocupantes do veículo. – Você não está fugindo do CF só porque não consegue fazer algo ao menos parecido com aquilo ali, ou está?
Jennifer olhou pela janela e ao identificar a que o rapaz se referia o encarou furiosa. O sorriso sarcástico do rosto de Lee não foi abalado, e o riso nasalado da motorista, que já punha o carro em movimento, não ajudou em nada para diminuir a chama de ódio que consumiu a bailarina. Odiava que duvidassem de sua capacidade. Se não executava uma coreografia era porque não queria, jamais por não conseguir aprendê-la, e com aquela dança não deveria ser diferente. Ela não queria. Ponto final. Nada mais.
– E então, o que me diz Ferreira? Tá com medinho? – insistiu Hae, ao que não obteve resposta.
– Vá se ferra Lee! – vociferou ela.
Pelo restante do percurso as palavras de DongHae ficaram ecoando na mente de Jenny, ela ainda pensava nisso enquanto seguia a passos arrastados para dentro da casa, ficando por  último.
“Se eu quiser posso muito bem aprender aquela dança, e, rápido. Esse imbecil não sabe de nada! Minha facilidade em pegar coreografia não me abandonaria agora, no máximo precisaria me esforçar... Espera? Como assim eu estou cogitando...?”
– Aquele cretino filho da mãe! – falou alto enquanto subia as escadas.
Como se evocado DongHae brotou na porta.
– Algum Problema? – Perguntou ele com um daqueles olhares dúbios que a faziam ter vontade de parti-lo ao meio. A pergunta feita em tom de deboche combinada ao olhar que implicava num desafio não verbalizado.
– Sim, todos! Quer sair da minha frente, tenho mais o que fazer! – disse ela passando por ele e o empurrando com o ombro.
Lee apenas ficou observando a bailarina marchar furiosa. Ria de si mesmo e do poder de irritá-la. O que ele poderia fazer? Aquilo era muito divertido!

~~~~*~~~~

– O que diabos vocês estão aprontando nessa cozinha que demoram tanto? – Isis adentrou ao local de cara feia, seguindo para o armário procurar chocolates.
Os três rapazes, que naquela tarde ficaram por conta do jantar, encararam-na confusos. O mais velho dos três olhou para o relógio, passava um pouco das sete e meia, eles não estavam fora do horário, já que a refeição costumava sair por esse horário mesmo.
– Que eu fiquei sabendo, quem estava morrendo para chegar em casa era o Kyu. Pulou o almoço Aishi? –  DongHae perguntou brincando.
– Não! – a outra respondeu seca.
– Tem alguma coisa errada? – dessa vez fora KyuHyun quem falou.
– Nada, só terminem isso logo! – rebateu ela e saiu da cozinha pisando duro.
– Que bicho mordeu essa garota? – Cho questionou LeeTeuk.
– E eu é que sei!? Ela estava normal o dia todo. – Park deu de ombros e continuou o que estava fazendo.
– Pronto terminei. – Hae declarou quinze minutos depois. – Kyu suba e chame as garotas.
– Porque eu!?
– Tá desocupado, e Teuk estão pondo a mesa...
– E somos os mais velhos... – o ator falou só pra ver o maknae irritado.
Cho bufou jogando um pano de prato na cara de LeeTeuk e saiu,  passou primeiro no quarto de Isis. Depois de ouvir um “Entre!” mal humorado o rapaz abriu a porta e se postou perto da cama da garota que estava deitada de bruços com um travesseiro sobre a cabeça.
– Hey, tá tudo bem?
– Tá. – Aishi mantinha o mesmo tom acre de antes.
– Tem certeza que não aconteceu nada? Estou aqui se quiser conversar... – se dispôs.
Isis tirou a cabeça debaixo do travesseiro e o encarou com olhos semicerrados e um bico.
“Por que não vai conversar com a Pryhzinha!” Chegou a abrir a boca para dizer, mas mordeu a língua antes que o fizesse. Kyu foi tentar arrumar os fios que estavam encobrindo os olhos dela, mas Isis afastou-lhe a mão.
– Não aconteceu nada. E não quero conversar! – afirmou.
A boca dele tornou-se uma linha fina enquanto observava aquele espécime feminino com uma postura arisca, até então desconhecida a seus olhos. KyuHyun não entendia aquela postura, tentava pensar no que fizera de errado para ser tratado assim, no entanto nada diretamente ligado a designer vinha a sua mente. Para ele aquilo era um caso de ódio gratuito, que por sinal ele sempre zombara quando LeeTeuk ou DongHae era o alvo. Contudo agora que experimentava sua dose, não estava gostando nem um pouco.
 – Se tá dizendo... – Kyu aprumou-se e seguiu para a porta. – Só pra avisar, o jantar está pronto.

~~~~*~~~~

– Como raios você conseguiu derrubar molho de tomate no casaco? Geralmente é tão enjoada com suas roupas... – Jennifer questionava Pryh naquela mesma noite. Todos já haviam jantado, as garotas lavado a louça e agora as duas mais velhas estavam na lavanderia onde a advogada esfregava um blazer branco cuja mancha, agora num laranja bem clarinho, lhe dava trabalho para ser retirada.
– A culpa foi do KyuHyun! – reclamou a mais velha enquanto esfregava o tecido.
– Kyu? Mas você não disse que foi no almoço?
– É, foi. Ele passou lá no escritório para convidar a irmã, mas aquela safada já tinha saído para almoçar junto com todos os outros e nem sequer fez o favor de me chamar! – reclamou Priscila. – Daí ele brotou na minha sala pra me convidar pra jantar, mas claro tinha que me assustar primeiro...
A bailarina que estava empoleirada em cima de um dos balcões gargalhou. Adorava quando o maknae assustava sua unnie. Só sentia pelo fato de não ter presenciado a cena do escritório nem o almoço daquela tarde.
– Sério Jenny aquele cara não é normal, quem entrar numa sala sem bater e assusta sua dona, finge que nada aconteceu e ainda tem a cara de pau de me apressar para aceitar o convite do almoço? – Santos reclamava e a outra apenas ria. – Quer parar?
– Isso é engraçado não posso fazer nada! – alegou a bailarina ganhando um olhar mortal. – Mas, me conta e o almoço como foi?
– Hum legal... Ele não é tão ruim, pelo menos em público eu tinha certeza que não ia ser morta. – brincou ela enquanto se ocupava de enxaguar a peça de roupa, quando foi colocada na secadora continuou: – Conversamos um pouco, ele é realmente viciado em jogos, parece uma versão masculina da Aishi, ou ela a versão dele de saia, tanto faz...
– Eles combinam bem... Dá pra notar de cara. – Jennifer balançou a cabeça pensativa.
– Exatamente, só a lerda que não. De qualquer forma ele parece que vai trabalhar nisso. – Priscila riu conspiratória e Jennifer levantou uma das sobrancelhas. – Falamos sobre ela, estava tentando sondar o interesse dele... – explicou a advogada dando de ombros. Não entraria em detalhes sobre o plano de ajudá-lo, Kyu havia procurando-a porque a advogada preferia abordagens mais sutis.
– E o molho? – questionou a outra impaciente.
– Ah sim, ele se levantou para ir ao lavabo e deixou o celular na mesa, e aquela porcaria começou a tocar... Até ai tudo bem, não fosse o fato que o ringtone dele é totalmente estridente e me pegou desprevenida. Ai deu nisso... Ainda mato ele pela vergonha do molho e por todo mundo ficar procurando de onde vinha o som!
Jennifer a essa altura já estava encostada na parede atrás de si, rindo tanto das caras e bocas de Santos enquanto essa contava o ocorrido que seus olhos lacrimejavam. A advogada ainda tentou lhe dar bronca, mas de nada adiantou. No final acabou se juntando a ela e caçoando do próprio infortúnio.
– Agora vamos logo que amanhã até podemos voltar para casa mais cedo, mas ainda é dia de "batente."
– Antes disso, preciso te pedir uma coisa. – as feições da bailarina antes risonhas ficaram mais sérias, quase magoadas.
– O que? – a advogada perguntou curiosa com a mudança repentina da mais nova.
– É... Eu andei pensado... E...
– Fala logo Jennifer! – Pryh perdeu a paciência.
– Já vi que vou me arrepender disso mais cedo do que pensei... – reclamou ganhando mais um olhar impaciente. – Quero-que-você-me-dê-aulas-de-dança-do-ventre!
– O quê? Fala devagar garota!
Jennifer bufou, então fez sinal de que a mais velha esperasse. Foi até a porta da lavanderia apenas para verificar se havia alguém por ali e então voltou até onde a outra estava.
– Eu. Quero. Que. Você. Me. Ensine. Dança. Do. Ventre.
Dessa vez falou pausadamente para que não precisasse repetir, e o entendimento fosse completo. O que acabou fazendo com que ela acompanhasse a mudança de expressão da outra. De confusa, para surpresa e finalmente debochada, que ecoou em uma risada.
– Você tá brincando né? – ela perguntou entre risos.
– Okay se não quiser, a desistência não vai ser culpa minha! – falou ela e já foi saindo.
– Que bonitinha ela adora trollar todo mundo, mas não gosta de ser o alvo. – Pryh falou sarcástica já desviando do tapa que levaria. – Take It Ease girl! Eu te ensino, montamos um cronograma para depois do trabalho e final de semana.
– A partir de amanhã?
– Hum... Pode ser, vocês vão só meio período também  né? – Jenny meneou afirmativamente em resposta – Adoro quando adiantam feriado! Mas tem que ser à tarde porque à noite tenho um compromisso. – comentou revirando os olhos.
– Jantar de negócios?
– Pode-se dizer que sim.

~~~~*~~~~

KyuHyun estava no quarto, já havia revirado todo o lugar atrás de um dos jogos de seu X-BOX, mas nada de encontra-lo. Foi até a sala de jogos e nem sinal. O estranho era que ele jurava que na noite anterior havia o deixado dentro do console. Depois de mais alguns minutos desistiu e foi até Isis que estava trabalhando em seu home-office.
– Tá aberta! – a garota respondeu após ouvir as batidas na porta, virando-se para a mesma. – Ah! É você. – ela deu as costa novamente. – O que foi?
– Aishi você por acaso não viu meu “Dragon Age”, aquele que estávamos jogando ontem? Já procurei em todos os lugares e não achei!
A designer revirou os olhos e balançou a cabeça.
– Sabe, se você organizasse um pouco melhor suas coisas não saia perdendo tudo pela casa!
– Mas eu organizei tudo aquele dia, você mesmo viu. Os jogos estão no lugar deles, mas esse não! – Kyu argumentou, realmente parecia triste pela perda.
Por um momento Isis até sentiu pena do rapaz e iria dizer-lhe onde procurar, mas tão breve quanto veio seu momento de benevolência se foi. Voltando a sua postura de orgulho ferido ela apenas respondeu em um tom sarcástico.
– Porque não pergunta pra sua querida Pryh? Vai ver ela acha pra você! – sua voz soou um pouco menos afiada do que planejava, mas isso não a impediu de manter a saída que lhe pareceu triunfal, finalizada por um bater de porta.
Quanto ao pobre garoto, apenas ficou ali parado, tentando entender o que ela não estava dizendo, e lamentando pelo jogo perdido. Que por acaso Isis não só sabia muito bem onde estava, como havia o gradado por si mesma em um lugar que acreditava que o outro não encontraria. Se Cho tivesse se dado ao trabalho de procurar ali mesmo no cômodo em que estava iria encontrar o jogo embaixo dos projetos da garota que andava tumultuando sua mente. Mas tudo que ele fez, foi sair pela porta e voltar a procurar em seu quarto, onde naturalmente não iria encontrar nada.


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