Ao Som de:

Acordei desnorteada, olhei em volta sem entender onde estava, um cômodo quase totalmente escuro, salvo por pequenos feixes de luz que entravam pelas frestas dos vidros quebrados, os outros estavam tão encardidos que não deixavam a luz dos postes passar. Um odor acre que fazia meu estomago embrulhar invadiu minhas narinas. As náuseas faziam minha cabeça girar, dificultando ainda mais minha deplorável tentativa de entender como havia chegado a tal recinto.
Tentei me levantar, um erro grave, meus músculos gritavam. Algo também me mantinha presa. Pela primeira vez realmente olhei para mim, dei uma boa olhada no que antes era um belo vestido que usara na noite anterior para ir a um pub. “O Pub.” Meus pensamentos se voltaram para a ultima hora que ainda conseguia lembrar. Lembro-me de estar dançando com Lizzie e de repente avistar um par de olhos conhecidos, o sorriso enigmático de Adam fazia meu corpo gelar, e nem sempre de maneira agradável. Minha amiga me chamou para ir embora, mas lembro-me de ter dito que não sairia dali por culpa de um affair de uma noite ou outra. No começo ela pareceu não se preocupar, porém logo se desencanou, continuamos dançando até que me cansei e fui me sentar ao bar.
Enquanto bebia eu podia sentir seus olhos grudados em mim, mesmo sem olhar para traz, isso havia tornado-se constante de algum tempo para cá. Confesso que já havia momentos em que me sentia apavorada, mais em outros, acabava cedendo e me deixando levar pela adrenalina, e isso sempre acabava por terminar num motel barato de beira de estrada.  No entanto, aquele lugar não era nem de longe um motel barato, e desconfiava que aquelas cordas em torno de meus pulsos  não eram fruto da pratica de bandage.
Desajeitadamente passei a mão pelo rosto tentando tirar os cabelos dos olhos e vi que o lado direito do meu rosto estava pegajoso. Quando olhei para meus dedos eles estavam manchados por algo rubro que só então fui perceber ser sangue, meu sangue. A dor de cabeça que eu julgar ser apelas uma combinação de provavelmente ter batido a cabeça combinada a ressaca era um pouco mais grave do que pensei.
– Vejo que finalmente parece acordada. – Adam aparecera por uma porta que eu mal havia notado. A luz que entrara pelo local iluminou um pouco mais o lugar, parecia um quarto de uma casa abandonada.
– O que... – tentei argumentar mais ele foi mais rápido sentando-se ao meu lado e tapando minha boca.
– Shhh...  Para que todo esse pavor Zoe? – perguntou ele em meu ouvido, antes de se afastar. Seu hálito revelava alto teor alcoólico.
Fitei seus olhos negros temerosa, Adam também não parecia em todo seu ápice, o rosto, braços e ombros estavam arranhados, e não do jeito bom. Flashs de uma briga da noite anterior me passaram pela mente. Ele tivera mais um de seus ataques obsessivos quando me beijar outro cara. Arrastou-me da boate e me levara por um beco e depois...
– Sobre o que esta pensando? – pergunto beijando meu ombro. Encolhi-me, tudo o que eu conseguia sentir era nojo. Segurou meus braços firmes e voltou a beijar o local. – Não me force a te punir por ser uma garota má novamente. – disse de forma calma, mas ainda assim medonha.
– Porque não me solta? – ser agressiva parecia que só pioraria as coisas.
– Pelo fato de não querer que nenhum de nós se machuque. – disse ele levantando-se de repente. – Não por enquanto... – concluiu encostando-se em uma mesinha, algo reluziu em cima da madeira, tremi ao reconhecer que o brilho vinha de uma faca.
– O que você quer Adam? – perguntei dessa vez não contendo a raiva.
– Algo que ao que parece você não pode me dar. – ia dizer algo mas Adam me ignorou e passou a brincar com a lâmina – Uma vez me disseram que quanto mais você conhece o amor mais você se machuca, na época me neguei a acreditar, mas agora não sei se isso é tão errado. – ele riu sem humor.
– Adam desde quando um de nós falou em amor? Saiamos uma vez ou outra e acabávamos na cama para nos divertir, esquecer um pouco desses problemas.
– Divertir? – ele explodiu – Você acha que é divertido quando te vejo dançando ou se agarrando com outros caras? Que foi divertido hoje quando aquele filho da puta estava praticamente te comendo no meio da pista de dança?
– Isso só é fruto de sua obsessão! Não pedi para você freqüentar todos os lugares que eu vou. – gritei de volta.
– Zoe... Zoe... Você realmente nunca deve ter sabido qual é a dor de amar alguém que não te ama não é?
 Adam perguntou se aproximando como um felino que ronda a sua presa. A alguns dias teria achado tal movimento sexy. Ele sentou-se ao meu lado, os olhos vermelhos fitando meu rosto de uma maneira estranha. Sua mão livre segurou meu queixo pressionando entre seu polegar e os outros dedos e o virando para o lado. Pelo canto do olho o vi um sorriso que me deu medo formar-se em seus lábios enquanto ele me observava o medo já devia estar visível em meus olhos.
Segundos depois senti o frio da lamina roçar minha pele, e em menos de um milésimo se transformar em uma espécie de queimação que ardia em meio ao liquido quente que sentia escorrendo. Debati-me tentando me livrar de Adam, ele foi mais rápido e me empurrou se posicionando sobre minhas pernas, enquanto as deles permaneceram travadas em torno de meus braços. Seus olhos agora mais negros do que nunca admiravam os desenhos que a ponta da faca fazia em minha bochecha. Lágrimas de dor saíram de meus olhos e entrou em contato com o corte fazendo-o arder mais, um grito ecoou no recinto que só depois percebi ser meu.
– Talvez assim você entenda um pouco da dor que eu sinta... – Disse ele já se posicionando para passar para outro lado do meu rosto.
Ele se desequilibrou enquanto trocava a faca das mãos, a dor trouxera consigo uma descarga de adrenalina ao corpo me deixando mais alerta. Aproveitei desse descuido e o empurrei saindo correndo rumo a porta. Corri pelo corredor empoeirado enquanto escutava Adam me xingando de vadia. Depois do corredor ainda havia um espaço até chegar a escada que ficava do outro lado da parede. Corri o máximo que conseguia levando menos de dez segundos para descer as escadas, mas quando finalmente a porta ela estava trancada.
Adam apareceu no fim do corredor, gritava comigo, mas o único som que eu conseguia ouvir era o do meu próprio coração batendo forte em meus ouvidos. Olhei para todos os cantos, o como que parecia a sala estaca cheio de moveis gasto. Corri para o comôdo mais próximo, uma cozinha. Como imaginei a porta e as janelas do local também estavam trancadas. Não haveria forma de fugir.
Abri uma das gavetas e procurei por algo que pudesse me defender, entre os utensílios achei uma faca semelhante a que havia causado os cortes do meu rosto. Antes de pensar em um local para me esconder Adam apareceu na cozinha. Seus olhos eram pura fúria, não lembrava nem de longe homem sexy que outrora me atraíra. Aquele parado em minha frente era um Adam doente, fruto de uma loucura que consumia sua mente.
– Não se aproxime! – gritei empunhando a faca em sua direção.
– Você vai fazer o que me matar? – perguntou ele rindo – Sinto lhe informar Zoe mas eu já estou morto. E sabe quem foi que me matou? Você e todos seus momentos de sexo casual, todos os momentos em que não viu o quanto nós poderíamos ser bons juntos.
– Adam... – novamente tentei argumentar mais ele me ignorou.
– Nesses últimos meses a única coisa que tenho feito é te amar, e o que ganho em troca? Desprezo. Pois agora se você não pode ser minha não será de mais ninguém. Eu sou o único que pode te tocar... O único ouviu?
Adam andou em minha direção a passos largos, sem pensar coerentemente mirei a faca no meio de seu peito, graças ao impulso que ele tomou não foi tão difícil a lamina penetrar sua caixa torácica. Mas ao mesmo tempo em que sentia o corpo dele amolecendo sentia o liquido quente escorrendo no alto de meu abdômen. A dor me corroia de dentro pra fora e uma náusea escurecia minhas vistas, mas não antes de ver os olhos de Adam se fecharem numa expressão de dor.
Caímos juntos no chão, cada tragado pelos seus próprios definhar de vida, o liquido vermelho de um se misturando ao do outro, e transformando o chão empoeirado em uma poça carmim. A dor me já me deixava entorpecida enquanto via os últimos meses de minha vida passando por meus olhos até chegarem aquele ponto.
– Zoe... – ouvi a voz de Adam, não passando de um sussurro, e depois me deixei levar pela completa escuridão.

~~*~~

N/A: Meu Deus que fic tensa pra escrever! Fazia tempo que não sentia tanta dificuldade pra botar uma história no papel ou encaixar as idéias. Não gostei muito do resultado, provavelmente porque nunca escrevi uma Deathfics. Mas como a Pry unnie propôs o desafio e a Ryo unnie deu o tema Sangue eu fui escrever né? ~Espero que gostem mais do que eu goste /chata/ 
@LeleChou thanks pela música do TH e pelas fotos.


2 Comentários

  1. Infelizmente não posso ouvir a música, porque a internet é tão ruim, que pra carregar, tenho que esperar o dia inteiro. Alias, vou parar de chama-la de internet e apelida-la de 'Et'. (sinta a Insignificância! ¬¬')

    Achei que você não fosse colocar o título como Desafio (ainda mais relâmpago) por causa de tudo que aconteceu... Olha, prometo, que teremos um desafio de verdade um dia (com tempo estipulado e duas ou mais participantes). Fiquei me sentindo mal, porque tudo deu errado (e logo parou de chover, mas eu tinha ligado pra minha irmã e ficamos 5hs no telefone! O.O E ela ainda disse que fala pouco, ó! haushaushus)
    ______________________

    Bem, aqui são algumas correções de praxe, já que você não teve beta e postou tarde da noite:

    "Ele tivera mais um de seus ataques obsessivos quando me (vê) beijar outro cara. "

    "– Você vai fazer o que me matar?
    (voce vai fazer o que? Me matar?) "

    "O único ouviu? (O único, ouviu?)"

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    Eu gostei da fic, mas teve muita coisa que tiraram aquele seu toque.
    A estrutura da fic não tava 100%. Sua escrita também não.
    A história, apesar de ter um começo, meio e fim, teve o tema e desenvolvimento fracos.

    Essas são as coisas que eu acho que você deveria melhorar.

    O que eu mais gostei, foi que a leitura da história não teve travamento. Tipo, eu li sem me incomodar muito com o que falei acima.

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    Agora, Mundo, repare no marcador! OMG, DÁ LICENÇA QUE TÔ ME ACHANDO!

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    Desculpas de novo Dongsaeng.
    Da próxima será melhor (alias, vai ter a primeira né? Pq tirando o primeiro que só te desafiei sozinha, não tivemos um desafio ainda).

    Beijos
    ;*

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  2. Pry unnie!
    Ta querendo me bater pela demora de responder esse comentario sim ou claro?
    Enfim...vamos lá
    "Olha, prometo, que teremos um desafio de verdade um dia (com tempo estipulado e duas ou mais participantes).
    Ta sabendo que será cobrada no futuro né? Eu quero muito um desafio contigo u.u

    Thanks por avisar pelos erro, vou corrigir^^

    Primeiro, o que é o "meu toque"? /apanha
    Feh costuma dizer que tenho jeito pra romance, pq se for isso acho que não ia rolar

    Sinceramente achei a fic meio corrida, e tensa pra escrever como disse, não to nem um pouco acostumada a escrever com o jeito sombrio, a pessoa ser romantica demais da nisso né?

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