Velhos Amigos, Insônia e um Desconhecido


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Já passavam das três da tarde daquela terça-feira quando Pryh se surpreendeu ao atender o celular, sua amiga não costumava ligar tão cedo.
– Pryh eu consegui! Vou trabalhar na Vanity, a famosa clinica de cirurgia plástica! – a garota do outro lado da linha estava totalmente eufórica – E não acaba aí, vou participar de uma revista tirando duvidas sobre o assunto.
– Você esta mesmo falando sério Bell? – Pryh perguntou surpresa
– Definitivamente sim! Fiquei muito feliz e resolvi te ligar, porque vou me mudar para Los Angeles! – a mensagem que Bell passava nas entrelinhas era na verdade “Vamos voltar a nos ver quase todos os dias!” – Afinal preciso estar perto do meu emprego... E de quebra vou estar perto da minha amiga... – ela terminou a frase aos risos.
– Você vai vir pra cá? – disse Pryh empurrando o inquérito a sua frente, olhos arregalados e um sorriso gigante em seus lábios. Não poderia receber noticia melhor.
– Sim! Pedi para ficar na filial daí em vez de ficar em Nova York.
– OMG! Okay isso é perfeito! – a advogada estava se segurando para não gritar, afinal estava no escritório e não podia se permitir chiliques, mas estava complicado segurar sua alegria.
– Bom agora quero que me ajude a achar um apartamento. – pediu a menor.
– Que tipo de apartamento você estava pensando? – a pergunta poderia parecer simples, mas Pryh já tinha planos em mente, um sorriso travesso brotando nos lábios.
– Não sei exatamente, mais pensei em dividir o apê, afinal não vou passar muito tempo em casa mesmo. – Bell respondera exatamente o que a outra gostaria de ouvir, aquilo seria perfeito.
– Eu vou pesquisar... – disse Pryh em um tom de quem planejava algo, se tudo corresse conforme o planejado ela já sabia onde Bell iria ficar.
– O que vai aprontar? – Bell sabia que quando Pryh falava daquela maneira ela só poderia estar com mil e uma ideias em mente.
– Não vou dizer que não vou aprontar, mas é surpresa então se acalme que eu te ligo a noite te dizendo se deu certo ou não.
– Okay, mais vê lá o que vai fazer em Pryh! – Bell falou em um tom de advertência.
– Não se preocupe, não vou fazer nada que você não faria por mim. – Priscila respondeu sínica.
– Só não exploda o planeta então. – respondeu a mais nova e começou a rir.
– Do jeito que você fala parece até que vou fazer algo ruim. – a advogada falou injuriada.
– Quem não a conhece que a julgue inocente, né safada! Mas mesmo assim, tudo bem, confio em você, talvez por isso eu seja a mais louca de nós...
– Nem sonhe com esse titulo, ele é meu e ninguém tasca. – a mais velha disse como se defendesse algo muito importante. Ambas caíram na risada e então se despediram.
Anabell e Priscila se conheceram em Harvard, Bell cursava medicina e Pryh, obviamente Direito. Elas dividiam o apartamento nessa época, e apesar de cursos tão distintos e mal se verem durante as manhãs e grande parte da tarde, devido as suas atividades na universidade, acabaram se tornando melhor amigas. Nenhuma das duas costumava deixar muito o lugar depois das aulas, viviam sempre atrás de seus pesados livros.  Até poderiam ser chamadas de “Nerds”, se não fosse a aparência das duas que não tinha nada parecido com o padrão, apesar de não se preocuparem muito com isso.
As raras vezes em que deixavam o apartamento era por casa de um de seus respectivos colegas de sala. Havia dois amigos em particular que sempre conseguiam as arrastar aquelas duas para fora do campus. Talvez os únicos que tivessem o poder de fazê-las largarem dos livros, antes que fossem absorvidas pelas paginas. E eram esses os responsáveis por manter a sanidade das duas. Além de Bryan, o namorado de Priscila, que cursava Administração Publica na HKS, uma das “escolas” do campus de Harvard, mas este só esteve presentes até meados do penúltimo ano de faculdade da garota. Seja como for essas estórias não vem ao caso, pelo menos não agora.
Depois que se formaram elas ainda permaneceram um tempo morando Cambridge, depois Priscila se mudou para Los Angeles onde permanece até hoje, e Ana Bell passou a trabalhar em um dos hospitais de Nova York como cirurgiã plástica. Apesar da distancia elas não perderam o contado, Bell eram uma das duas pessoas que Pryh ainda mantinha um forte laço de amizade desde que terminara a faculdade. E elas prezavam muito isso.
Quanto a “Vanity” era uma das famosas clinicas de cirurgia plástica americana. Bell sempre sonhara em trabalhar no local assim como Pryh queria entrar para a Thêmis. Então fizeram a promessa de que um dia conseguiriam seus “trabalhos dos sonhos”. O que elas não imaginavam é que poderiam conseguir o trabalho quase ao mesmo tempo.

-X-

Algumas horas mais tarde todas haviam chegado ao apartamento. Pryh tentava ignorar pensar no fato do Audi estar novamente parado na vaga dela. Descobrir o individuo que estava fazendo isso viraria assunto pessoal.
– Que cara chato! – reclamava Ryo com um copo de suco de laranja e um sanduíche, sentada à mesa da cozinha, a direita de Pryh, que tentava ler um livro.
– Não aguento mais! – Lele estava sentada a esquerda de Pryh com um copo de leite de soja e uma cestinha de torradas. – Gosto de coisas bem feitas, mas ele está exigindo demais.
– Ele quer tudo do jeito dele, e definitivamente o lugar que ele está querendo não deve ser bom... – Ryo parecia estar bem estressada.
– Como se produzisse peças tão perfeitamente quanto ele acreditam. – resmungava Lele.
– Espera quem é esse cara que tá deixando vocês duas tão estressadas? – Perguntou Pryh largando o livro.
– Um dos novos codiretores da companhia de teatro.
– O novo professor de dança.
Responderam Ryo e Lele juntas.
– Okay tô lerda. – Priscila falou sem entender nada. – Achei que era o mesmo individuo já que as acusações são tão parecidas...
– Da para parar de falar termos jurídicos dona advogada vinte e quatro horas. – disse Ryo sacudindo a cabeça fazendo cara feia, mas segurando um riso.
– Foi mal, mas sério parecia o mesmo. – disse Pryh dando de ombros.
– Deve ser porque os dois são tensos, esses imbecis... – disse Lele ainda irritada, quem quer que fosse esse codiretor havia tirado a do sério.
– Meninas mudando de assunto... – a advogada resolver falar com as amigas antes que fossem para o trabalho, porque provavelmente voltariam de mal humor. – Queria propor algo a vocês, e espero que considerem... – começou Pryh com um tom de voz de quem iria contar pra mãe que quebrou seu vaso de flores favorito foi interrompida por Ryo.
– Pode parar com o lado formal...
– E dizer o que você está aprontando. – completou Lele.
– Vocês duas juntas são fogo... – Priscila fez bico, assim nem dava pra enrolar. – Então, bem, vocês se lembram da minha amiga Anabell a cirurgiã plástica?
– Lembramos – disseram Ryo e Lele em uníssono, não tinham expressão alguma.
– Bem, ela está procurando um apartamento na cidade e como nosso apartamento é grande e ainda tem, tecnicamente, três quartos sobrando, eu pensei que ela poderia vir morar com agente. – disse Pryh sorrindo amarelo para as duas.
– Mais uma garota aqui no apartamento? – Ryo perguntou, já sabendo onde a amiga queria chegar, não que ela não gostasse da ideia, pelo contrario Bell, de certa forma, já era bem conhecida delas. Mas não podia deixar de fazer suspense.
– Ela é super gente boa, mais fácil de conviver do que eu, além disso vai passar parte do dia na clinica, e não compensa ela pagar um apartamento sozinha... Se precisar eu até me responsabilizo por ela, mas duvido que seja necessário... Vocês vão amar a Bell! – Priscila disse rápido.
– Pela defesa Express é um Sim! – disse Ryo se acabando de rir.
– E então mamis? – Disse Pryh se virando para Lele com cara de anjo.
– Você confia nela, acha que vai dar certo? – perguntou Lele analisando a mais nova, Pryh fez um sinal afirmativo com a cabeça – Por mim tudo bem, mas que ela fique longe do meu secador de cabelo e do controle da TV na hora que tiver passando meu dorama.  – disse ela com cara de brava e começando a rir depois.
– Tudo bem! É por coisas assim que eu amo ainda mais vocês! Agora vou ligar para a Bell e dizer que ela pode parar de procurar por um apartamento! – Pryh saiu pulando feito uma criança em dia de natal.
– Ela tem dupla personalidade – disse Lele balançando a cabeça e rindo.
– Diz isso pelo fato dela encarnar “a séria advogada no trabalho” e ser totalmente doida fora dele? – perguntou a Luana concordando internamente que aquilo não podia ser muito normal.
– Exatamente... Isso é tenso... Muito tenso.
           
            Pryh foi para o quarto e se jogou na cama pegando o celular que estava em cima de uma almofada, discou o numero de sua amiga rapidamente.
            – Bell é a Pryh, acho que nós podemos parar de procurar um apartamento! – falou ela antes mesmo de Anabell dizer “alô”.
            – Como assim? O que Fez? – Só pelo barulho a advogada imaginou que a amiga deixara algo cair.
            – Eu? Imagina, não fiz nada... – disse Pryh rindo.
            – Arram, processou alguém e ganhou um apartamento novo? – perguntou à médica, aquela alegria estava muito grande para o simples fato de ter achado um apartamento, mesmo se esse fosse perto de onde Pryh e as outras garotas moravam.
            – Obrigada por esclarecer a visão que você tem de mim. – Pryh falou em tom irônico, mas não deixou a menor responder já emendando logo em seguida. – Porém, eu só conversei com Ryo e Lele, e você vai dividir o apartamento com agente, se quiser.
            –Espera aí... Para tudo! – quase podia se ouvir o cérebro de Bell juntando as palavras da amiga, e em seguida um grito longe do telefone, o que fez a advogada rir baixinho.– Eu e você no mesmo apartamento? O prédio tem seguro? – perguntou ela após se recuperar, ou pelo menos tentar.
            – Bell você não cresce mesmo não é? – Priscila gargalhou.
            – Olha quem tá falando... Depois eu que sou a louca... – Bell ria tanto quanto Pryh do outro lado da linha.
            – Não vamos discutir nossas pentelhices ainda... Deixa isso para quando estiver aqui. – disse Pryh abrindo um sorriso enorme em pensar que teria a sua melhor amiga de faculdade por perto novamente. – O que me leva a questão, que dia você chega?
            – Como já tinha um pouco de coisa arrumada para caso fosse ficar em um hotel, acho que na sábado à noite. Será que tem algum problema? – perguntou temerosa.
            – Claro que não. – por Priscila ela poderia chegar no dia seguinte. – Quando souber o horário do voo me liga que eu te pego no aeroporto.
            – Okay, muito obrigada mesmo minha amorinha de chocolate. – agradeceu Bell agora meio emocionada, a realidade tomando conta de si.
            – Não precisa agradecer amora de chantilly – disse Pryh rindo, os velhos apelidos estavam de volta – Até breve. – Essa duas últimas palavras soaram tão leves e felizes, talvez agora tudo voltasse aos eixos.
Pryh voltou à sala e deixou Ryo e Lele a par de tudo, e também falou um pouco de Bell para elas saberem mais sobre a nova companheira de apê. Mais tarde todas foram dormir.

-X-

PS. Considerem para a cena seguinte só as partes da dança em que JT está dançando sem a dançarina loira.

Com toda a animação que Pryh estava sentindo pela chegada de Bell ela acabou perdendo o sono, já eram umas duas da manhã quando ela resolveu dar um volta no jardim de inverno que ficava no terraço do prédio onde elas moravam. Colocou os fones no ouvido e se dirigiu ao elevador, o corredor estava totalmente vazio, e o caminho até o terraço não foi diferente.
Chegando ao local ela foi direto para seu lugar de costume, um banco perto de uma pequena fonte iluminada com uma luz baça no centro do jardim de inverno. Tinha mil ideias na cabeça, queria fazer uma surpresa para a amiga, dar um presente, mas não conseguia pensar direito e aquilo a estava incomodando. Depois de um tempo observando a água sua atenção se voltou para um espaço mais afastado, onde não havia bancos ou flores.
Havia alguém dançando, a coreografia parecia bem interessante. Quando Pryh tirou os fones do ouvido, logo reconheceu a batida do break dance com um toque de pop que tocava ao fundo. Para quem via aquela moça séria no escritório mal poderia imaginar que ela adorava tal estilo de música, mas infelizmente acreditava que não se dava muito bem dançando.
  Ela ficou um tempo assistindo aquele belo rapaz desconhecido e o que parecia o improviso de uma coreografia que ele montava, tendo o cuidado de não ser notada, para que pudesse continuar olhando sem atrapalhá-lo, e também para que ele não a visse, mesmo estando de shorts que iam até o meio da coxa e uma blusinha cavada com um enfeite de laço na frente que mais parecia uma blusa que ela poderia usar no dia a dia ainda seria estranho, porque aquele ainda era seu baby doll.
O desconhecido tinha movimentos precisos e ágeis, que ao mesmo tempo transpareciam uma suavidade incrível, algumas vezes se isso fosse possível, até parecia estar dançando a centímetros do chão, dada a facilidade dos passos.  Outra coisa que chamou atenção da garota foi a expressão facial dele, aparentemente estava tão imerso na dança que nada mais importava, como se fosse a coisa mais importante do mundo fazer aquela “apresentação” para si próprio, nada mais importava, apenas a sincronia da música e seu desempenho em personificá-la.
A sensação de vê-lo dançar era interessante, pois sem perceber a advogada foi relaxando. Assim que ela relaxou conseguiu pensar exatamente no que dar de presente para Bell. E o melhor de tudo era algo que seria útil e que Lele e Ryo também poderiam ajudar se quisessem. Depois de um tempo o rapaz desligou o som e saiu em direção ao elevador, a regada branca um pouco molhada de suor, mas um sorriso de satisfação brilhando em seus lábios. Pryh esperou alguns instantes, para que o rapaz não pensasse que ela o estava espionando, o que de certa forma era verdade, e seguiu para seu apartamento, agora poderia dormir para por seu plano em prática no dia seguinte.

[ Leia o Capítulo 03 ]


Um Comentário

  1. "– Meninas mudando de assunto.. – a advogada resolver falar com as amigas antes que fossem para o trabalho, porque provavelmente voltariam de mal humor. – Queria propor algo a vocês, e espero que considerem... – começou Pryh com um tom de voz de quem iria contar pra mãe que quebrou seu vaso de flores favorito foi interrompida por Ryo.

    – Pode parar com o lado formal...

    – E dizer o que você está aprontando. – completou Lele.

    – Vocês duas juntas são fogo... – Priscila fez bico, assim nem dava pra enrolar. "

    ISAUDHIASUDHAIUDAHDIAUDHASIDUH
    Eu consigo ver isso acontecendo cara, sério.
    SHDASIUDHASDUAHSDUAIHDAISUDHASUIDHASDU
    Ia ser uma farra sem tamanho morar todo mundo junto.
    Imagine todo mundo morando em LA cara ia ser
    IUSADHAIUDHAIUDAH EPICO...

    Okay... Proximo.

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